Naquela mesma noite tive outro pesadelo e esse era pior que o último. Sonhei com a figura escura novamente, que me torturava brutalmente e repetia a mesma frase outra e outra vez.
— ELA PERTENCE A MIM.
Acordei as duas da manhã com minha respiração ofegante. Eu me virei no sentido contra a parede, coloquei as mãos no meu rosto e respirei fundo.
— Foi só um sonho, foi só um sonho - eu sussurrei.
Então eu olhei para o Sr. Coelho ao meu lado. Ele estava olhando diretamente para mim com os olhos negros e de raiva, eu me assustei e o joguei no chão. Desde que comecei a dormir com essa coisa, meus sonhos se tornaram pesadelos. Me virei para descansar as pernas e em seguida senti algo tocar meus pés.
Ergui os olhos e notei um brinquedo sobre minha cama. Um brinquedo que eu nunca tinha visto antes na vida. No começo eu estava congelado no meu lugar, tudo que podia fazer era olhar para ela. Não entendi como ela foi aparecer lá. Minha mente começou a pensar sobre meus verdadeiros pais terem deixado esse brinquedo de presente. Talvez eu não gostasse tanto assim desses brinquedos, para dizer a verdade a presença deles me incomodava.
Essa era uma boneca peculiar de cera, em uma de suas pernas havia uma corrente presa a uma bola pequena, mas pesada, como se fosse para evitar que a boneca fugisse. Ela tinha um colar de margaridas em seus cabelos, usava um vestido branco de renda bordado com fita amarrada em torno da cintura. Seus braços eram longos e tinham dedos longos de forma que não era normal para uma boneca. O que mais me chamou a atenção era uma rosa que ela tinha no meio da boca como se ela tivesse sido silenciada.
Olhei mais de perto examinando sob o luar, eu toquei seu rosto e percebi que havia algo de errado, me ajoelhei e tentei olhar ainda mais de perto, então eu ouvi algo. Uma espécie de som fraco... parecia como um... apito... eu senti uma pulsação, vinha do brinquedo!
Eu gritei e me levantei aterrorizado derrubando ela no chão, eu tremia violentamente e fui ao canto da
parede gritando por meus pais. Então de repente, tudo se tornou surreal.
A parede ao lado tinha o quadro que começou a tremer, a parede ganhou relevo como se houvesse bolhas entre a tinta e o cimento. Gradualmente as fissuras apareceram e aumentaram em número. O quadro na parede caiu no chão revelando uma porta atrás dela. Eu não tinha ideia do que estava acontecendo, essas coisas só acontecem em livros ou em nossa imaginação, mas para minha surpresa eu sentia que algo estava vindo daquela porta. Então via as mesmas mãos negras e pontiagudas que eu presenciava em meus pesadelos.— Você não gostou da visita de Deise? - Disse a criatura na porta — Eu não gostei disso, sabe? Ela chorou muito.
Deise? Como assim? Olhei em volta, confuso, procurando a presença da minha amiga que obviamente não estava lá. No final, meus olhos observavam a boneca.
Aquele cabelo loiro me parecia estranhamente familiar. Prendi a respiração, um pesadelo, isso só poderia ser outro pesadelo. Peguei a boneca do chão e levei até perto do meu rosto com minhas mãos trêmulas. Eu coloquei meu ouvido perto de seu peito e ouvi um som junto com o apito. Era, batimentos cardíacos!— Deise? Deise! - eu gritei desesperadamente. Tinha que ser um pesadelo. Algo assim não poderia estar acontecendo.
Percebi que meus pais estavam próximos ao meu quarto, eles devem ter me ouvido gritar, mas a coisa estava bloqueando a entrada. Meus pais começaram a bater fortemente na tentativa de invadir o quarto, eu estava em pânico sem saber o que fazer. Não era como nos sonhos, o monstro era real como nos pesadelos de tortura. Meu coração estava batendo tão forte que eu comecei a sentir a dor e a suar frio e o tremor nas minhas mãos estavam difícil de controlar.
O monstro continuava na porta imóvel. Na penumbra pude ver seu sorriso maligno como se estivesse esperando alguma reação minha. Tentei libertar a boneca da corrente de cera que parecia pesar toneladas para seu tamanho. Forcei, forcei e forcei enquanto o apito que vinha da boneca se tornaram mais intensos até que eu senti algo molhado sob minhas unhas.
Olhei para minhas mãos e estavam cobertas de sangue. A corrente parecia fazer parte dela e os pequenos cortes que fiz na corrente não estava ajudando em nada. A boneca que supostamente era Deise estava sofrendo, seus apitos eram mais horrendos, mas sua expressão permanecia impassível a de uma boneca. Eu tremia em horror. Eu tinha que me conter e de repente a criatura pegou no meu braço.— Nathan, você está machucando ela! - Exclamou o ser dos olhos esverdeados — O Sr. Coelho também não gostou de ser derrubado, mas eu te perdôo. Você se juntará a eles se continuar com essa malcriação.
— Que diabos é vocês? - eu tremia como um louco tentando me libertar enquanto meus pais tentavam arrombar a porta. A Expressão dessa criatura estava cheio de admiração pela minha pergunta.
— Eu sou Jason, o criador de brinquedos - Exclamou ele - Seu fiel amigo e único que realmente pode confiar!
Ouvir seu nome fez algo mover em minhas memorias, como um choque elétrico que percorreu todo meu corpo. Meu pai conseguiu quebrar a porta e acendeu a luz. Quando finalmente vi seu rosto minha mente explodiu, fazendo relembrar de todo meu passado, de todas memórias que estavam enterradas na mente.
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História Real de Jason The Toy Maker
TerrorEspero que gostem. Divirtam-se e boa leitura!