03 - Deise.

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       Naquela noite eu deixei ele escapar dos meus braços para debaixo da coberta, escapei do meu sono instantaneamente e minhas antigas paredes rangeram.
Eu estava parado no escuro, incapaz de me mover ou entender como fui parar lá, rodeado apenas por um agudo silêncio. Algo viscoso agarrou meu pulso e apertou com tanta força que a dor percorreu por todo meu corpo. Um conjunto de unhas pontudas como agulhas lentamente começou a penetrar minha carne. Eu o via cortando minha pele e me fazendo sangrar. Eu gritava e chorava, mas a risada cobria o som dos meus apelos desesperados.

— ELA PERTENCE A MIM - Uma voz sussurrou. Dentro desse abismo de escuridão, dois olhos verdes brilhantes apareceram diante de mim apenas alguns centímetros do meu rosto.
— VOCÊ É APENAS UM EMPECILIO PARA MIM! HAHAHAHA – Aquilo começou a gargalhar da minha dor enquanto eu era perfurado por unhas que mais pareciam agulhas ou facas.

       Ele me furou e mexia com ferramentas enferrujadas dentro de minha carne, ele dizia que estava ali para me consertar. Notei uma porta aberta, era a única coisa que podia fazer distinguir na escuridão. Meus olhos estavam embaçados pela dor, mas pude notar algumas pessoas que na verdade pareciam muito menores. Eu vi que eles não eram pessoas reais. Eram brinquedos de pessoas e bonecos, nesse momento eu senti uma forte sensação de náusea tomando conta de mim apenas por olhar para eles. Algo neles fez meu estômago se revirar, eu sentia como se aqueles bonecos já tivessem sido pessoas reais.

— ELA PERTENCE A MIM.

       Com isso eu acordei, meus olhos estavam bem abertos e meus batimentos cardíacos estavam tão acelerados que eu podia senti-los batendo na minha garganta. Com dificuldade para respirar eu me sentei na cama e esfreguei os olhos e notei que estava suando. Deixei meu coelho cair no chão de cabeça para baixo, me abaixei para pega-lo e colocá-lo de volta na cama. Minha respiração voltava ao normal, mas a imagem daquelas unhas pontudas, todo aquele sangue e aqueles brinquedos assustadores foram incluídas na minha mente.
      Eu nunca tive um pesadelo daquele antes. As sensações foram terrivelmente reais. Eu ainda podia sentir aquelas garras fazendo buracos na minha carne, mas eu estava tranquilo por estar acordado. A porta rangeu e minha mãe entrou pelo quarto, assim que ela viu meu rosto exausto seu sorriso desapareceu.

— Querido? Você está bem?

— Sim mãe, foi só um pesadelo. Agora estou bem.

— Ok, Deise veio te visitar e está te esperando na sala.

      Com isso eu sai da cama, eu estava acabado e eu não queria que minha melhor amiga me visse assim. No espaço de alguns minutos eu sai do meu quarto pronto. Na minha pressa eu estava sem fôlego.

— Finalmente! - disse Deise sorrindo.

História Real de Jason The Toy MakerOnde histórias criam vida. Descubra agora