Raiva

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Abri os olhos lentamente e me deparei com a escuridão do quarto. Estico a mão e acendo o abajur que esta em uma mesinha que fica perto da cama do lado direito. Pisco até me acostumar com a luz, como foi que eu vim parar na cama?
Olho pra mesinha novamente e noto um pedaço de papel.

"Dulce saí pra comprar umas coisas que faltavam para o jantar de hoje. Seu advogado ligou avisando que já falou com um médico e de acordo com ele é um dos melhores e vai ficar te acompanhando. Eu não me lembro o nome do medico, mais o sobrenome era Uckermann. Em fim volto logo querida. Seu cuida. "

Te amo.
Papai.

Eu não tenho nenhum um problema e não preciso da ajuda de seu ninguém.
Me levantei da cama e vou em direção ao espelho, levanto minha blusa e vejo o meu reflexo zombando de mim através do espelho, segurou minha barriga e começo a apertar na tentativa falha de fazer que aquela gordura suma.

Eu preciso me manter magra,  e bonita,  magra e bonita.  Minha mente diz pela segunda fez,  vou em direção ao closet  e pego uma roupa de academia, calcei meus tênis, peguei um moletom que tem um capuz e o vesti.
Eu precisava espairecer um pouco.
E correr me faz bem.

Fazer exercício me fazia bem.
Fiz um aquecimento e desci as escadas lentamente, com medo de que Fernando já estivesse em casa, parei diante da porta e girei a chave.

-Senhorita Saviñón, vai sair? - a voz doce de um senhora falou, me virei lentamente e encarei minha vó, dei um sorriso e ela veio em minha direção.

-Senhorita Saviñón? - ela riu e beijou meu rosto.

-Você esta bem?

-Que mania chata de vocês ficarem perguntando isso toda hora. -sentindo a raiva, me separei dela e cruzei os braços sobre o peito.

-Desculpe sua vó querida. - ela deu um sorriso - é que eu me preocupo com você.

-Devia mais se preocupar com você. - Por qual razão, eu estou reagindo dessa maneira?

-Eu sei que a sua doença te faz sentir raiva, seu pai me contou e eu...

-MINHA O QUE? - gritei e pelo o que notei eu assustei a mulher que mais me amou nesse mundo.

-O que está acontecendo aqui? - a voz grossa do meu pai perguntou, me virei o encarei.

-Agora deu pra falar pra todo mundo que eu tenho um doença, Fernando?

-Mamãe você não. - meu pai repreendeu minha vó com o olhar. - filha olha...

-Escuta só uma coisa Fernando. - apontei o dedo pra ele e falei com a voz mais fria que nunca. - eu não sou doente, eu não tenho nenhum tipo de problema e eu não preciso da ajuda de ninguém, você meu ouviu? DE NINGUÉM - gritei a última parte e saí porta a fora, mais assim que saio. Uma mão forte me para,  sei que é meu pai.

-Dulce, filha eu não quero que saí assim.  - o encarei mais raivosa que nunca. - você está com raiva e ainda não conhece a cidade direito pode se perder.

-Séria perfeito se isso acontecesse.  - murmurei e puxei meu braço.

Voltando para dentro daquela casa, me sentindo mais sufocada que nunca. Subi o quarto correndo e trancando a porta em seguida.
Encarei meu reflexo no espelho.

-Gorda!  - falei pra mim mesma - é isso que você é Dulce Maria uma gorda.  - soltei um suspiro e comecei a fazer uma série de abdominais.

As horas foram passando e eu continuava fazendo uma série de exercícios.  Sem parar um só segundo se quer,  para descansar ou beber água,  sentindo o suor escorrendo sobre meu corpo, o coração acelerado e a respiração ofegante,  eu decide que era hora de parar. Fui em direção ao banheiro e decide tomar um banho quente.

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Obs: Anorexia nervosa faz com que o indivíduo sofra depressão, ansiedade e irritabilidade.

Modelo - VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora