Culpa

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Assim que desci as escadas e segui em direção a sala de jantar que já estava pronta, cheia de coisas deliciosas mais também muito gordurosas.

Me sentei do lado esquerdo da mesa, de frente para Fernando e minha vó Amélia se encontrava ao lado de meu pai. Encarei ambos e dei um sorriso meio que debochando e comecei a colocar a comida sobre meu prato. Um pouco de salada, carne assada, arroz, mais salada, e um pouco de batata frita.
Depois que acabei de comer todo aquele prato, e um copo de suco sob os olhares atento de meu pai e minha vó. Pedi licença e voltei para o quarto, assim que me deitei na cama, a culpa me atingiu.

Corri em direção ao banheiro e decide que era a hora de voltar ao velhos hábitos. Coloquei o dedo na boca e comecei a forçar o vômito que veio logo em seguida, após colocar tudo pra fora. Com um sorriso no rosto e com as mãos trêmulas dei a descarga e fiquei encostada contra a parede fria.
Fechei os olhos e fiquei alguns minutos sentada naquele chão frio, quando voltei a abrir os olhos vi meu pai parado em frente a porta, com os olhos cheios de lágrimas.

-O que você vez minha garotinha? - sua voz estava baixa.

-Acho que a comida me fez mal - murmurei e me levantei.

-Não minta pra mim Dulce. - sua voz saiu embargada, lavei as mãos sobre a pia e logo depois o rosto. -Por que você faz isso?

-Por que tenho que ficar bonita - falei seria e o encarei através do espelho. - eu tenho que ser magra, eu tenho que ser perfeita. - falei com um sorriso no rosto. - eu fico em frente de câmeras o dia todo, então tenho que me manter perfeita para o público.

-Você é perfeita filha. - o encarei.

-Perfeita, Fernando? - ri e saí do banheiro - eu escuto, eu vejo quando ninguém ver. - parei em frente ao espelho. - a gorda, a porca que come demais - balancei a cabeça negativamente. - eu tenho nojo de mim mesma - uma lágrima desceu pelo meu rosto. - mais se é pra mim ser perfeita, ter um corpo magro e lindo, eu faço o que for preciso. - falei e ele negou com a cabeça.

-Eu não quero que faça mais isso.

-Isso o que? - sentei na cama.

-Colocar tudo que você come pra fora - ele disse rápido. - não quero te ver em um hospital novamente, Dulce. - meu corpo interior se arrepiou com a lembrança.

-Eu estou cansada - murmurei e me deitei. - boa noite Fernando.

-Eu amo você Dulce. - sua voz saiu baixa - e você é perfeita. - ele disse e me deu um beijo e saiu mais antes ele apagou a luz.

- Você é uma menina bonita
O que você pensa, não importa
Escove seu cabelo, corrija os dentes
O que você veste é tudo que importa. - murmurei a frase que minha mãe falava pra mim todos os dias.

Fechei os olhos e me perdi na escuridão do sono.

Modelo - VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora