1. violeta

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• violeta •

bastante popular por possuir uma aparência meiga, ela significa modéstia, simplicidade e simpatia.

— Goteiras, mofos, persiana quebrada, um pedaço do teto que parece querer cair em cima da minha cabeça a qualquer momento! E esse aluguel terrível? Eu juro que o lugar estava perfeito há um mês — disse Chan, indignado. — Foi só eu dar um passo pra dentro e tudo desmoronou!

Sair do dormitório era o objetivo que Chan vinha almejando há um bom tempo. Não que seus amigos fossem desagradáveis, pelo contrário, eram a única razão de permanecer. O ponto era privacidade, um espaço mais calmo para que sua mente pudesse funcionar e seu processo criativo pudesse fluir melhor. O movimento nos corredores e os vizinhos barulhentos não cooperavam muito. Até que certo dia, colocou seu casaco e decidiu fazer visitas aos apartamentos que havia encontrado na internet.

O quinto foi o ideal. Médio, de conceito aberto, dois quartos — em sua cabeça, já planejava qual deles seria o estúdio —, um banheiro e uma pequena área de serviço. Bem ventilado e situado em um bairro tranquilo, não tão longe do dormitório. Nos dias seguintes, enquanto resolvia a burocracia de papéis e mudança, já conseguia se ver cozinhando para os amigos e jogando videogame na sala, conversando até o anoitecer sobre as experiências de morar sozinho.

A ficha foi caindo algumas semanas depois, junto com o papel de parede. E quando tentou abrir a persiana para deixar a luz do sol iluminar a cozinha e a viu cair na pia quando puxou o cordãozinho de uma vez.

— Pelo menos tenho luz natural agora. — Deu de ombros, se agarrando ao otimismo.

Chan girou o corpo e encontrou as duas marcas de mofo que o papel de parede desgastado revelava com a ajuda do sol. Franziu o cenho, mas decidiu relevar só porque estava atrasado para sua corrida matinal.

A inspeção foi adiada por mais alguns dias, como se o rapaz não quisesse acreditar no que provavelmente estava acontecendo e continuava enfiado no estúdio trabalhando em seus projetos. No entanto, foi pego de surpresa por uma chuva de verão. Quando Chan finalmente cedeu aos pedidos de descanso de seu corpo após dias no estúdio, dormiu por horas, sem ter ideia da mancha úmida que se formava atrás de sua cama. O cheiro insuportável de mofo lhe acordou mais cedo do que planejava. Tomou banho e saiu para comer na lanchonete da esquina; não conseguia imaginar seu humor ficando pior.

— Tá falando sério? — perguntou Song, chocado.

— Não aguento mais a voz dessa robô dizendo que o número não existe! — choramingou Chan, cobrindo o rosto. — Vou meter um processo tão grande nesse cara. Ele vai se arrepender de ter me feito de idiota.

O silêncio prevaleceu por um momento enquanto Song digitava algo no celular.

— Olha, meu apartamento tá no meio da reforma do nosso escritório, então nem posso te oferecer o sofá — declarou, vendo Chan balançar a cabeça em compreensão. — Mas eu conheço alguém que pode te hospedar por um tempo, só preciso convencê-la.

— Eu conheço?

***

— Aquele Bang Chan? — perguntou Emma, indo de um lado para o outro carregando buquês e vasos para dentro da loja.

— O lendário que te fez considerar amor à primeira vista, sim. — respondeu Song em seu encalço.

Emma parou seus passos de repente e virou de olhos cerrados o rapaz. Song quase esbarrou nela.

— Achei que tivesse te proibido de mencionar esse assunto.

— Não precisa ficar sensível. Agora pode sair do caminho? Isso aqui tá pesado.

o acordo | bang chanOnde histórias criam vida. Descubra agora