9. cravo [finale]

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cravo

amor puro e latente, entrega e liberdade

Três dias depois, Emma alongou o corpo antes de sair da estação à procura de um táxi. Estava satisfeita por ter conseguido dormir durante boa parte da viagem, tendo que acordar apenas nas horas das refeições. Sentia falta da sua cama, mas não era esse o motivo de sua volta. A reunião com a distribuidora havia sido antecipada, então Tina ligou pedindo que ela voltasse, pois tinham exigido a presença de Emma.

Se despediu da taxista simpática com quem havia criado uma conversa leve para se manter acordada durante o caminho e se arrastou até a entrada do prédio. Cruzou a porta de casa cantarolando uma música aleatória para fingir que não estava preocupada com o silêncio ensurdecedor que ocupava o ambiente. Empurrou a mala de rodinhas em direção ao sofá enquanto caminhava direto para a cozinha.

Abriu a geladeira e afastou o pacote de iogurte de banana para pegar a caixa de leite atrás deste. Emma suspirou aliviada quando deu o primeiro gole no achocolatado e uma mordida no biscoito que comprou para experimentar, curtindo a sensação de finalmente estar em casa. Arregalou os olhos ao lembrar das plantas na varanda e deixou o copo em cima do balcão, praticamente correndo para regar as coitadas.

Quando as viu firmes e verdinhas, levou uma mão ao peito, prometendo que agradeceria aos amigos que cuidaram de seu pequeno jardim durante seu tempo fora. Voltou à cozinha, terminou o lanche e se dirigiu ao andar de cima sem a menor pressa. A mulher sentiu seu corpo inteiro arrepiar quando, antes de entrar no próprio quarto, lembrou-se da porta ao lado, e um conflito se instalou em sua mente para decidir se deveria ir lá ou não.

— Certo... — sussurrou para a própria insegurança. — Não tem necessidade de ficar desse jeito, é só um quarto.

Respirou fundo mais uma vez e ficou frente a frente com o cômodo, tremendo levemente ao sentir a maçaneta gelada. Abriu a porta, lembrando a péssima experiência de virar uma dose de tequila.

O quarto estava do mesmo jeito que eles haviam deixado após a primeira faxina: as paredes estavam tão vazias quanto as gavetas do guarda-roupa, a escrivaninha no canto parecia desnecessária sem os equipamentos de trabalho, a cama estava arrumada como se funcionários de hotel tivessem passado por ali mais cedo. O cheiro que tomava conta do espaço era de limpeza. Era como se ele nunca tivesse chegado perto daquele quarto.

Sentou no colchão macio e observou a janela fechada.

— Pelo menos ele levou as frésias.

***

O banho que Emma tomou relaxou seu corpo completamente, aumentando a vontade de reencontrar sua cama. Se cobriu com a toalha e levou a roupa suja para a área de serviços. Caminhou com paciência até seu quarto, sendo pega de surpresa quando acendeu a luz. Tentou tampar a boca para amenizar o grito, mas o som abafado ainda fez o rapaz deitado pular e quase cair da cama.

— Por Deus, Chan, o que você tá fazendo aqui?! - perguntou ela, pressionando dois dedos na lateral do pescoço para garantir que sua pulsação ainda existia.

Estava de frente para Chan usando apenas uma calça de algodão, deitado no meio de sua cama com um travesseiro no meio das pernas e outro entre seus braços. Emma não teve tempo de considerar a cena angelical, ela mal conseguia assimilar a ideia de que ele realmente estava ali.

— Isso lá é jeito de acordar alguém? — perguntou ele, desorientado, esfregando os olhos.

— Você tá no meu quarto!

— Eu já dormi aqui antes!

— Esse não é o ponto!

As órbitas dela tremiam sem saber o que encarar, mas quando percebeu que a única coisa que usava era uma toalha, revirou os olhos e bufou, indo apressada até o guarda-roupa. Enquanto isso, Chan apenas continuou calado, a observando. Só desviou o olhar quando percebeu que ela não se importou em avisar que se livraria do tecido verde felpudo para vestir o pijama.

o acordo | bang chanOnde histórias criam vida. Descubra agora