Coisas do Passado

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Mais duas semanas se passaram desde que Leonard acordou. Sua recuperação ocorreu como os médicos esperavam e ele já estava em casa. Seus pais o visitaram apenas duas vezes no hospital. Kirby fora quase todos os dias vê-lo e conversar com ele.

Leonard descobriu que aquela jovem mulher tinha muito mais a esconder do que ele poderia imaginar, mesmo sua vida sendo praticamente um livro aberto.

Ela lhe contou do seu apreço por leitura que mantinha oculto. As pessoas não acreditariam que ela tinha tal hobbie levando em conta sua vida agitada e regrada a festas e homens. E ela imaginava que seria mais julgada e bem menos requisitada.

Muitos homens costumam gostar de mulheres que parecem ser fúteis. Que servem apenas para o prazer da carne e não apreciam quando elas são superiores. E como Kirby valorizava muito suas noites não fazia questão de expor isso.

Entretanto, Leonard adorou aquele fato. Não conseguiu esconder sua expressão de surpresa e muito menos o sorriso de satisfação. Ela era ainda mais fascinante.

Em uma certa noite, ela resolveu que iria ter o seu jantar. Desta vez, ficou combinado que seria no apartamento dele.

— Não é uma sala de jantar cinco estrelas, mas mata a fome.

— É o que realmente importa.

Ela entrou e o seguiu até a pequena sala de jantar com apenas uma mesa de quatro cadeiras. Não tinha nada de especial na mesa. Apenas um rosa ao lado do prato de Kirby. Ela sorriu pegando a mesma e cheirando-a.

— Ainda bem que não parece um jantar romântico.

Ela disse rindo. Ele balançou a cabeça e sentou-se.

Realmente não era aquele o intuito, mas Leonard não estava esperando ouvir aquilo. Um "Obrigada" teria sido suficiente.

Eles não tinham tido uma conversa afundo sobre o que eram ou o que seriam. Leonard sabia que o desejo dela não tinha diminuído. E obviamente o dele também não. Mas como tinha pensado antes, nada a mais aconteceria. Ela queria apenas sexo. E ele não era um homem de ficar apenas uma noite.

Fora tolo em pensar que Kirby abriria uma exceção. Que talvez aquela conversa do hospital sobre perdê-lo pudesse significar algo mais. Mas parecia que ela apenas não queria carregar o fardo de sua morte ou perder o homem que tanto desejava.

— Somos amigos, não é? Não haveria de ter um jantar romântico. Nem sei porque roubei esta flor do vizinho pra você.

— Porque é um fofo e ingênuo. Espero que não ache que vai me conquistar com isso.

Ela riu outra vez. Ele forçou um sorriso.

— Não sou tão idiota. Tolo talvez, mas não tanto. Não tentaria conquistar Kirby Millicent. Uma das mulheres mais poderosas da Califórnia. Que já teve os homens mais influentes e incrivelmente sexys na palma de sua mão. Ah não, eu não seria tão ingênuo.

Ele balançou a cabeça e pegou sua taça de champanhe. Pedira para seu vizinho comprar especialmente para aquela noite. E agora via que fora um erro tentar chamar a atenção dela de alguma forma. Agradá-la de forma simples e sincera pelo menos. Já que não tinha toda a riqueza e o luxo que outros poderiam lhe proporcionar.

Kirby sentiu o amargo nas palavras e na voz. Ele estava tentando ser agradável e gentil. E como sempre ela falara um pouco mais do que deveria.

Ela respirou fundo e segurou a mão dele posta sobre a mesa.

— Escuta. Às vezes eu falo um pouco demais e nem sempre tudo o que digo é verdade. Foi muito legal da sua parte concordar em jantarmos na sua casa e roubar esta flor...

Uma Mulher Como EuOnde histórias criam vida. Descubra agora