Após aquela tarde no parque, minha relação com o Jimin sofreu algumas mudanças. Nós sempre que podíamos, saíamos juntos, conversávamos o dia inteiro, todos os dias. O melhor de tudo eram os beijos que trocávamos. Eu nunca fui capaz de compreender ao certo relacionamentos, mas o nosso em específico era ainda mais difícil de se entender.
Estávamos em um relacionamento não-relacionamento, ou como os adolescentes falam, ficando. Éramos amigos que se beijavam sempre que podiam, que andavam de mãos dadas, que estavam sempre juntos, que iam a encontros e até mesmo – em um dia que eu nunca pretendo repetir – vão em baladas juntos.
Pensar na palavra "amigos" causa um desconforto em meu peito. Não era esse o meu ideal de relacionamento. Não com Jimin pelo menos. Talvez fosse a famosa insegurança – coisa que eu nunca havia sentido, mas que sempre escutava sobre. Na minha impressão, ele estava bem com isso e não queria ter nada a mais comigo. Ah, eu queria estar morto. Talvez assim não doesse quando o loirinho desse conta que ter algo comigo é uma merda e resolvesse terminar. Ou se afastar. Nem temos nada para que ele possa terminar.
Ai. Meus próprios pensamentos conseguem me machucar. Qual o sentido de ser meus pensamentos se nem do meu lado eles estão? Acho que talvez seja meu cérebro tentando evitar que eu seja um trouxa. É, tarde demais, cérebro. Eu me tornei o trouxa número um por Park Jimin e sequer sou capaz de sentir remorso. Tem como ser mais trouxa que isso?
Hoje ele ainda não havia me respondido ainda. Não respondeu o meu "bom dia", não respondeu a minha pergunta de como se fazia pudim – não julgue, além de ser péssimo na cozinha, eu precisava ter alguma desculpa para puxar assunto – e até mesmo ignorou as indiretas que eu postei. E nem adianta tentar defender ele, imaginar que ele está longe do celular, ou que ainda está dormindo, porque ele visualizou. Assim, na cara dura mesmo. Fui plenamente e completamente ignorado.
Como o bom desesperado que eu sou, estou saindo de casa agora, neste momento em que faz -17°C, apenas para bater na porta da casa dele e o obrigar a me responder. Não, isso não tem nada a ver com a minha extrema necessidade de ver ele ou com o aperto que estou sentindo no meu peito, nada disso. Era apenas para encher o saco dele e irrita-lo.
Apertei a campainha, aguardando ansiosamente a porta ser aberta. Eu só queria ver um sorriso se abrir em seu rosto. Escutar um "Kookie, você aqui!", pronunciado em tom animado por aqueles lindos lábios que tanto amava beijar. Receber um caloroso abraço. Mas não foi nada disso que encontrei. Até mesmo porque a porta sequer foi aberta.
Se eu disser que não fiquei triste seria mentira, e se eu disser que eu não insisti seria uma mentira maior ainda. Eu toquei a campainha de novo e nada. Não satisfeito, liguei seis vezes, deixando recados não tão carinhosos na caixa postal. Mandei catorze mensagens, pedindo para apenas dar algum sinal de vida, e quem sabe abrir a porta – afinal, estava frio para caralho e eu me sentia congelando –, contudo apenas obtive o nada, de novo.
Sem muita opção, mandei a ultima mensagem, que dizia simplesmente que eu não iria embora até ver o rostinho dele e que estava sentado na calçada esperando ele ter algum tipo de amor no coração e abrir a porta. E finalmente pude escutar o barulho da chave destrancando. Só com isso, algo tão simples, já me fez sentir aquecido. Ah, eu logo estaria sentindo seus braços quentinhos e adeus frio.
Levantei correndo, pronto para me jogar em seus aconchegantes braços e invadir o calor de sua residência. Mas não foi exatamente isso que eu encontrei.
Ao olhar para seu rostinho, vi que estava com uma expressão de dor, enquanto seus olhinhos estavam inchados e vermelhos – acredito eu ter sido proveniente de algum choro anterior. Aquela cena partiu meu coração.
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5 motivos para continuar vivo .•°[Jikook]°•.
FanfictionJeongguk era desesperançoso. Não via sentido na vida, sequer queria estar vivo. Estava sempre em uma rotina confortável para si, onde ele reclamava de tudo ao seu redor, enquanto esperava a morte chegar. Ah, como ele queria que ela chegasse logo. ...