Al Posto del Mondo

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Notas: pras minhas chianinhas favoritas. <3

Ponto de vista: Chiara.

Sete horas da noite, um dia quente e exaustivo. Devido ao horário de verão, um forte clarão ainda entrava através dos vidros incomodando meus olhos que estavam incrivelmente sensíveis hoje. Eu estava jogada no sofá da sala, depois de um longo banho frio, assistindo um programa qualquer que passava na TV. Eu nem gostava tanto assim de TV. Mas às vezes gosto de deitar ali e me desligar do mundo um pouco, fingindo que presto atenção no que alguma daquelas pessoas estranhas falam. 

Eu estava com a cabeça apoiada em meu cotovelo, e quase a bati no encosto do sofá com o susto que levei quando meu celular vibrou. Eu peguei o aparelho que havia se enfiado embaixo de meu corpo como se tivesse vida própria e abri a mensagem, estranhando o nome que via na tela.

"Oi, amor, já disse que você é linda hoje? Traz uma água com gás sem gelo aqui no quarto pra mim? Tô com preguiça. Obrigada, te amo! Rs"

Eu li a mensagem três vezes para ter certeza das palavras escritas naquele torpedo. Ana Carolina definitivamente é a pessoa mais folgada que eu conheço. Soltei uma risada pelo nariz enquanto negava com a cabeça e a jogava para trás. Eu também estava com preguiça. Na verdade, eu estava morrendo de preguiça. Mas o que eu não faço por ela? 

Me levantei do sofá relutante, abandonando a toalha que até então estava enrolada em meus cabelos e balançando-os algumas vezes para que os fios se soltassem. Devido ao dia extremamente quente, eu usava apenas o meu top vermelho, que era meu favorito, e um short preto que deixava minhas coxas respirarem. Ana odiava que eu andasse assim fora de nosso quarto, alegando que a qualquer momento poderia chegar alguém ali e me encontrar assim, mas eu não concordava em ter que usar roupas pesadas dentro de minha própria casa.

Fui até a cozinha e peguei a água com gás, estrategicamente separada só para ela em uma garrafa de vidro. Quem é que toma água com gás além de Ana Carolina, gente? Essa coisa é horrível. Eu enchi um copo grande e caminhei cuidadosamente até o quarto para que a água não entornasse no meio do caminho. 

Eu abri a porta devagar e quando olhei para frente, ela me encarava com o maior dos sorrisos nos lábios. Era um sorriso cansado, preguiçoso, que me causava uma vontade enorme de largar aquele copo ali no chão e correr para os seus braços. Eu adorava quando ela estava assim, manhosa, fácil de ser controlada. Geralmente quando Ana está bem disposta, ela fica o tempo todo implicando com alguma coisa, querendo deixar tudo perfeito e organizado demais, e eu confesso que isso me irrita. Gosto quando ela está assim, e fica vulnerável ao que eu peço, do jeito que eu peço.

– Sua preguiçosa. – Eu disse antes de me aproximar e entregar o copo em sua mão. Ela o pegou e tomou metade da água em um único gole. – Por que você não pede as coisas pra Rita? Eu também to cansada, amor. – Eu reclamei, fazendo um bico e recebendo uma de suas gargalhadas em troca. Ana terminou de beber toda a água do copo, e o colocou sob o criado mudo do seu lado da cama. Depois voltou a me olhar com a mesma expressão que me encarava quando abri a porta, com os olhinhos negros brilhantes, de uma forma que me comovia facilmente. Era impossível dizer um não para qualquer coisa quando ela me olhava daquele jeito.

– Talvez porque meu interesse não fosse exatamente a água, sabe? – Ela piscou para mim de forma provocativa enquanto mordia o próprio lábio inferior, eu estava sentada ao seu lado e ela tinha o corpo recostado no travesseiro, então passou lentamente os braços ao redor de minha cintura, puxando-me para mais perto de seu corpo e fazendo com que eu me deitasse ao seu lado. 

Ela vestia uma camiseta cinza bem larga, e mais nada por baixo além da calcinha preta. Os cabelos estavam soltos e bagunçados, como sempre. Eu sabia que ela só estava usando aquilo porque era confortável, mas mesmo que não fosse sua intenção, era extremamente sexy em minha opinião. Ela deslizou sua mão por meu rosto, seguindo pela linha de meu maxilar e a encaixou na curva entre meu pescoço e meu ombro. Seus dedos estavam gelados devido ao copo que ela segurava anteriormente, e aquilo me causava um pequeno arrepio.

Página 76 (ChiAna)Onde histórias criam vida. Descubra agora