Aeroporto

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     Uma vez eu perguntei para uma pessoa se ela já tinha pensado em se mudar, ela me disse que planejava ficar no mesmo lugar para sempre. Eu não consigo imaginar a minha vida em um lugar só por tanto tempo, acho que para a maioria das pessoas é fácil pensar assim, mas a maioria das pessoas não morou em tantos lugares quanto eu, nunca tive uma casa a qual me apegar ou um lugar em que eu pudesse criar raízes, não que eu não tenha memórias em um lugar, eu tenho várias e isso é bom, não sinto falta de nenhum lugar e de nenhuma pessoa, isso às vezes me assusta, é como se nada nunca vai ocupar um espaço suficientemente grande no meu coração para me fazer sentir falta.

     Acordo de manhã como de costume, mesmo estando de férias e podendo dormir até a hora que quiser, eu simplesmente não consigo dormir até tarde, me arrumo, tomo o café e espero o resto da família ficar pronta, eu sempre sou a primeira a ficar pronta o que me irrita já que eu tenho que ficar esperando muito, vamos sair hoje e eu quero chegar logo porque vamos ao aeroporto e se não nos apressarmos vamos chegar atrasados, quando finalmente todos estão prontos saímos.

     Ao chegarmos vamos direto para a fila de desembarque e esperamos, o voou atrasou duas horas então temos que esperar, minha mãe me lança um olhar como se dissesse eu te avisei, apenas devolvo com o olhar envergonhado, não é culpa minha se eu quero chegar na hora, principalmente se é ela quem está chegando.

      Duas horas se passaram e estou quase desistindo de ficar esperando, quando anunciam o desembarque do voo em que ela está, quase tenho um treco, estou esperando esse momento desde que ela disse que vinha, as pessoas começam a sair do portão e procuro na multidão, até que ela aparece carregando duas malas e parecendo exausta, vou correndo e dou-lhe um abraço de urso.

  — Que saudade de você Gi, que bom que você conseguiu vir, eu estava contando os dias e tenho tanta coisa para contar para você.

  — Eu também senti muita saudade, eu tive uns probleminhas para vir mas até que a viagem foi tranquila, eu quero saber de tudo e também tenho um monte de coisa pra te contar.

      Olho para minha prima do coração, nos conhecemos desde sempre, nossas mães disseram que elas dividiram o leite quando éramos bebês pois o delas tinha acabado, por isso nos consideramos irmãs de leite, mas como toda irmã nós brigamos muito, mas sempre fizemos as pazes super rápido. 

     Depois das boas-vindas, saímos para almoçar, conversamos o caminho inteiro sobre o que temos feito de bom e as novidades, chegamos em um restaurante japonês, que a propósito é o meu tipo de comida favorito nesse mundo, e vamos comer. Eu pego um prato bem grande com sushi e um monte de outras coisas mas quando olho para o prato da minha prima penso como ela consegue comer tão pouco, ela e eu somos completamente diferentes uma da outra e isso me faz pensar em como a gente é mesmo como irmãs, pois comigo e com minha irmã de verdade é a mesma coisa, a gente nunca concorda em nada.

     Voltamos para minha casa digo para ela ficar a vontade, é meio estranho ter ela em casa mas ao mesmo tempo é a coisa mais normal do mundo, nós sempre passamos o máximo de tempo possível juntas pois como moramos em cidades diferentes o tempo é precioso. Quado finalmente ficamos sozinhas ela me conta tudo, sobre a vida dela, os garotos que ela pegou e etc, ela me conta sobre um tal de Bryan que estuda com ela, e me conta nos mínimos detalhes como eles saíram e ficaram, eu olho para ela sem demonstrar o quanto a vida dela parece mais interessante que a minha, não que eu não goste da minha vida mas ela parece tão chata se comparada a da Giovana e a de tantas outras pessoas, é como se eu estivesse simplesmente esperando minha vida começar.

     Quando conto para ela sobre o que aconteceu de interessante ao longo do ano ela demonstra um interesse forçado, não a culpo eu mesma ficaria assim, mas quando chego na parte do Rodrigo de repente ela se interessa e pede para eu contar todos os mínimos detalhes, conto para ela de como eu gostei dele desde o primeiro momento e de como eu fiquei arrasada quando ele se mostrou um completo idiota, ela me olha como se estivesse me vendo pela primeira vez, conto a ela sobre o meu emprego e de como toda aquela história com o Lucas se desenrolou, quado falo isso ela me encara com um sorrisinho, que não consigo decifrar, no rosto que resolvo ignorar e continuo contando, ficamos assim até escurecer quando minha mãe nos chama para comer.

     Será que é minha culpa minha vida ser tão chata? Ou é apenas como as coisas são? Eu quero que algo aconteça, mas também tenho medo de que se as coisas mudarem eu também mude, eu acho que eu sou um pouco controversa mas nada posso fazer em relação a isso.


     Que isso!!! Essa prima parece tão falsa, o que vocês acham? Mas fazer o que? Não esqueça de comentar e votar, quero saber o que vocês estão pensando. 😜

As confusões de uma garota normalOnde histórias criam vida. Descubra agora