Revelações

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Ás vezes eu fico tão empolgada que eu acho que vou explodir, não sei se acontece só comigo, mas sei que finalmente chegou o dia do trabalho e estou empolgadíssima, não sei se é porque vou passar mais tempo com o Rodrigo ou se é porque eu vou saber mais da vida dele, depois que a gente ficou horas conversando no dia que a professora passou o trabalho, nós começamos a nos falar todo dia, falando sobre todo tipo de coisa desde as series que assistimos até sobre o que comemos de café da manhã.

A aula terminou e eu fui para casa esperar o Rodrigo aparecer, olho no espelho e vejo uma garota sem nada de muito especial, ruiva com umas sardas, nunca me considerei feia mas também nunca me considerei bonita, ouço batidas na porta e vou ver quem é:

-- Oi, pronta para saber vinte coisas sobre mim?-- Ele diz com um sorriso no rosto, como nunca percebi que ele tinha covinhas? Ele entra e eu fecho a porta.

--Bom eu pensei que seria mais legal se a gente fosse dar uma volta por aí.-- Respondo, me referindo a praça que é do lado da minha casa, saímos e começamos as perguntas.

-- Eu começo.

--Ok, o que você quer saber?-- digo com um tom brincalhão.

--Qual é a sua cor favorita?

--Eu gosto de todas as cores, mas eu acho que azul.

--Sério? Eu também, uma pergunta a menos pra você.

-- Ok, acho que vou ter que usar a criatividade, qual é o seu animal preferido?

-- O salmão-- encaro ele como se ele fosse um louco.

-- Por que? Ele é só um peixe.

-- Sim, ele é só um peixe mas ele nada contra a correnteza, desvia de ursos, passa por outros perigos inimagináveis só para poder ter a família dele.-- Olho para ele, nunca imaginei que ele seria tão profundo, falando tão apaixonadamente de alguma coisa.

--porque você ficou com a Alice depois do que ela fez?-- Digo antes de conseguir me controlar. Ele me encara por um tempo e quando acho que não vai falar ele diz:

-- Eu e ela somos o tipo casal perfeito de colégio, ficamos por tanto tempo desse jeito que eu me esqueci de como ser de outro jeito-- ele olha pra mim e continua-- e também por que eu ainda tenho sentimentos por ela, eu já sabia a algum tempo que ela estava me traindo, mas quando a historia veio a tona eu tive que interpretar o papel.

Nunca vivenciei nada parecido, mas eu pude ver que ele não estava feliz, eu quero ajudar mas não sei como, coloco a minha mão no ombro dele tentando demonstrar que ele podia contar comigo, e que eu sempre seria um ombro amigo para quando ele precisasse. Continuamos conversando e fazendo as perguntas e nem vemos o tempo passar, quando eu vejo já está escurecendo e eu tenho que voltar para casa, nos despedimos e ele foi embora.

Não consegui dormir pensando no que o Rodrigo disse, eu não me imagino presa em um relacionamento só porque sempre foi assim, eu sei que eu não posso falar nada já que eu nunca estive em um relacionamento, mas mesmo assim deve ser horrível ficar presa a uma pessoa sem poder conversar ou desabafar com ela.

No dia seguinte, a professora pergunta quem fez e todos erguem a mão ele sai conferindo e quando eu viro dou de cara com o Rodrigo.

-- E aí? Curtiu o nosso papo de ontem?-- diz fazendo cara de deboche, rio e ele diz

--Então, Eu e a galera vamos fazer uma reuniãozinha, o que acha ? Aproveita e traz a Marcela que, cá entre nós, o Tom esta de olho desde o trabalho, o que acha?

-- claro, que tipo de roupa essa ocasião exige?

-- Pode ir com uma roupa normal, sem pressão-- nunca imaginei que iria ir a uma reuniãozinha com a "galera" amanhã mas tudo bem.

No dia seguinte recebo uma mensagem do Rodrigo para nos encontrarmos na praça, coloco uma blusa regata preta, um colete jeans e uma legging preta. Pergunto a marcela o que ela acha e diz que está ótimo, estou com uma sensação de ansiedade e sinto como estivesse prestes a vomitar, não preciso ficar nervosa é só um rolê, digo a mim mesma.

Saímos e fomos nos encontrar com o restante do pessoal, chegando lá encontramos uma festa com luzes e até uma fogueira, começo a procurar o Rodrigo e me pergunto se estou muito simples para estar em uma festa assim, encontro ele ao redor da fogueira e vou até lá.

-- você não disse que ia ser uma festa-- pergunto em um tom de raiva misturada com medo.

-- Oi pra você também, e isso não é uma festa é só uma reunião de amigos.-- faço uma cara de desdem e ele começa a rir. Começamos a conversar mas de repente alguém começa a falar muito alto, espera eu conheço essa voz, quando eu encontro a dona da voz me surpreendo.

--você não tem o direito de dizer com quem eu posso ou não falar-- diz Marcela quase gritando.

-- Eu sei que não tenho, mas...-- responde, espera um pouco aquele é o Tom?

-- Não tem essa de mais não você teve a sua chance, mas você me magoou.-- ela diz e começa a se afastar, todo mundo ficou em silencio, mas então o Tom a pega pelo braço e a beija, os dois se beijam apaixonadamente, como se tivessem muito medo de que se afrouxassem um milimetro aquele momento se perderia, quando o beijo finalmente acaba eu já estou de queixo caído, eu vou querer explicações mais tarde mas enquanto isso vou deixar os dois pombinhos se curtirem mais um pouco. Resolvo deixar a festa mais cedo, e me despeço de todos. Já na cama começo a digerir tudo o que aconteceu na festa e descubro que o amor realmente é imprevisível.

As confusões de uma garota normalOnde histórias criam vida. Descubra agora