Entrevista

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     Quanto mais penso, mais fico convencida de que ninguém me conhece de verdade, as pessoas pensam que me conhecem mas ninguém sabe o que se passa na minha cabeça, meus pensamentos pertencem a mim e a ninguém mais.
     O Rodrigo não foi o primeiro garoto que eu julguei mal, sempre tem algum que se acha superior só por ter boa aparência, mas sabe de uma coisa aparência não é tudo, a beleza é passageira mas o que realmente permanece é o caráter, digo a mim mesma tentando me consolar do fato de eu ter escolhido mal, e que o mundo não liga se você é uma pessoa boa e sincera, porque se não é bonita de que adianta.
     Mas sério, um dia a aparência não vai importar porque ninguém fica bonito para sempre, em tão para que me importar. Eu decidi que vou me concentrar no meu futuro, vou investir e não deixar nada me atrapalhar, nem um garoto, nem nada.
     Quando minha mãe disse que a empresa dela estava contratando jovens sem nenhuma experiência me entusiasmei na hora, essa é a minha chance de investir no meu futuro e ainda ganhar dinheiro, e não pouco, e o melhor de tudo é que os estudos no curso são pagos. É tudo que eu preciso, meu currículo é impecável, minhas notas são altas, eu falou outras línguas, não tem como me rejeitarem.
     Com esse pensamento na cabeça, começo a trabalhar na minha entrevista, estou horas no espelho tentando parecer confiante e ter todas as respostas que eles podem fazer na ponta da língua, mas não sei se é o suficiente, a empresa que a minha mãe trabalha é chinesa o que significa que ela é muito exigente e que eu vou ter que me esforçar muito para estar no mesmo nível, mas vai valer a pena, até porque qual é a pior coisa que eles podem fazer? Me rejeitar? Eu consigo superar.
Eu quero esse emprego para sair da minha bolha, conhecer novas pessoas, sair da minha zona de conforto e esquecer o sentimentos bobos e infantis dos adolescentes, eu quero crescer.
Quando chego na sala de entrevista meu coração já está acelerado, tem pessoas que quando estão nervosas suam, mas eu fico gelada minhas mãos tremem e eu não quero nada além de terminar logo com isso. Ainda tem cinco pessoas na minha frente e eu posso avaliar a "competição", uma garota que aparenta ter a minha idade me olha e me cumprimenta, ela tem cabelos castanhos na altura do ombro e olhos da cor de mel, o nome dela é Elisa, nós começamos a conversar e eu esperava que as pessoas fossem um pouco mais competitivas e mal-humoradas, assim fica difícil odiar-las, foco Ariel você tem conseguir esse emprego, digo para mim mesma mas sinceramente não quero pensar nisso como uma competição, até por que se eu pensar desse jeito eu vou fazer qualquer coisa para ganhar, eu sou muito competitiva.
Chamam Elisa e eu sou a próxima, não acredito que eu estou em uma entrevista de emprego, me sinto tão adulta e independente e começo a imaginar o que eu poderia fazer com um emprego, eu poderia fazer muitos amigos aqui e poderia economizar o suficiente para comprar qualquer coisa que eu quiser, livros, um celular novo, poderia ajudar meus pais com as despesas, mas o meu tempo seria mais limitado agora eu não teria mais a tarde inteira livre e eu só poderia sair nos fins de semana, mas vale a pena.
Quando me chamam me levanto em um pulo, vou andando e entro em um escritório simples sem muitas decorações, tem uma mesa no centro com um sofá encostado na parede, na mesa tem um porta-lápis de ferro e um monte de papéis a pessoa que está me encarando perece um típico homem de negócios, ele está de terno e parece que tem a idade do meu pai, ele está com uma expressão indistinguível no rosto quando sento na cadeira, estou muito nervosa e esqueço tudo o que pratiquei no espelho, só o que consigo fazer encara-lo enquanto ele lê o meu currículo.
— Agora eu vou fazer umas perguntas senhorita... — ele olha o meu nome na pasta— Ariel.
—fique a vontade— digo e logo me arrependo pela cara que ele faz mas acrescento rápido— Senhor.
— Eu me chamo Ward— diz e volta o olhar para a pilha de folhas na mesa e volta o olhar para mim— agora, por que deseja trabalhar nas industrias Rand?
— bom, eu desejo uma carreira de sucesso e eu vou me empenhar ao Máximo para conseguir— respondo sem pensar, mas não acho que ele se convenceu.
— porque acha que devemos contratar você?
—porque eu tenho energia e determinação para fazer qualquer coisa, eu tenho ótimas notas, falo as línguas necessárias, eu aprendo rápido e qualquer coisa que vocês me colocarem para fazer eu faço— ele pareceu satisfeito com essa resposta mas não sorri, ao contrário ele me encara como se estivesse me examinando, tentando encontrar algum defeito, ergo e meu queixo e deixo a minha expressão impassível como a dele e lhe lanço um olhar de desdém.

Claro que tudo muito diferente do que eu sinto, estou mais nervosa do que nunca e também me sinto pequena, mas não demonstro por que se eu demonstrar o mínimo de dúvida eu posso acabar com tudo que tentei demonstrar, que nesse caso foi total segurança e controle, o necessário para conseguir o emprego.
— muito bem pode se retirar, entraremos em contato para atualizar a sua posição e ver se você entrou.
Saio o mais rápido possível sem parecer desesperada, quando estou no corredor finalmente relaxo e me permito respirar, olho para a saída onde posso ver os carros, vejo minha mãe sentada me esperando com uma expressão ansiosa no rosto, olho para ela e sorrio, acho que fui bem e quando conto o que aconteceu ela sorri e diz que tem certeza que eu entrei, me sinto leve agora como se tivesse me livrado de um fardo. Olho para a minha mãe dirigindo, sem contar algumas rugas e um ou outro cabelo branco ela não mudou quase nada desde que era jovem, me sinto feliz e realizada mas também ansiosa com o resultado da entrevista eu quero muito esse emprego e eu não tenho tanta certeza que vou conseguir, mas pelo menos eu tentei.

       Me desculpem pela demora em postar, eu ando meio ocupada e eu me esqueço de escrever, espero que gostem desse capítulo.
😘😘

As confusões de uma garota normalOnde histórias criam vida. Descubra agora