Vermelho e Azul

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Costumava acreditar que os anjos viviam no céu e nós no terreno esquecido da terra. Havia afirmado isto, em minha mente de 4 anos, quando acordei no meio da noite e vi meu pai chutando os restos do guarda roupa e indo para cima da minha mãe.

Não aguentei ver aquilo então fui para cima do meu pai dizendo:

-Não pode fazer isso, a mamãe fica tliste, ela vai cholar

De nada valeu, ele me empurrou para um canto qualquer, enquanto segurava com força os cabelos da minha mãe contra a parede. Mas ela gritou, sendo mais rápida que a mão veloz do meu pai que ia em direção a sua boca.

- Vai para fora Ravena e grita

A noite estava estrelada e sem iluminação eu senti a brisa fria em meu corpo quente. E gritei bem alto.

-SOCORROOOO

Logo vi meu pai paralisado com os olhos funebres, me vendo do lado de fora gritando, enquanto tentava se manter de pé e "consciente" e começou a beijar e acaricia minha mãe, pedindo desculpas e que isto nunca mais iria acontecer.

Eu sentei no chão da área, chorando muito foi quando comecei a arrancar os meus fios de cabelo. Logo alguém bateu na porta e minha mãe agasalhada saiu para atender e vi as luzes Vermelho e Azul, era dois homens com fardas.

Perguntando se o grito de uma criança vinha daquela casa, pois receberam denuncias de que estaria gritando.

Minha mãe logo disse que não, mas o vizinho de nariz grande havia afirmado que sim e entãoo apontou para mim que estava concentrada vendo o pisca, pisca do carro, aquelas luzes que combinavam com a noite, que de certa forma me acalmou.

Entramos dentro do carro de luzes eu, papai e mamãe. Enquanto papai dizia que amava ela e acariciava seus braços roxos esverdeados. Quando chegamos papai ficou em uma sala, que tinha grades. Eu ri, parecia com os passarinhos que ele mantinha na gaiola, até tentei falar isso para ele mas um moço disse, que aquele lugar não era para crianças.

Tive que ficar em uma cadeira gelada parafusada ao chão, enquanto que uma moça sentada de frente a uma mesa, perguntava coisas do meu pai para mamãe, que logo dizia, -Solta ele, ele não irá fazer mais isto, foi a última vez...

E então a noite foi assim brigas, brigas e brigas, falas, falas e falas. Nem me importava, estava mais interessada em sopra ar quente na janela do carro de luzes piscantes e fazer desenhos com a fumaça.


Grandes OlhosOnde histórias criam vida. Descubra agora