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Dia de aniversário

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Dia de aniversário. Era uma manhã ensolarada de mais um quinze de fevereiro. Os costumeiros balões multicoloridos adornavam as paredes da cozinha de forma delicada, e o meu tradicional bolo de chocolate esperava ansiosamente por mim, junto aos pequenos embrulhos cintilantes, abandonados aos pés da mesa de madeira. Ao fundo, Bryan Adams se esgoelava ao máximo para alcançar o tom sobrenatural de Pavarotti, no refrão de 'O Sole Mio, e aposto que os vizinhos não estavam tão contentes em serem acordados com tamanho entusiasmo – assim como ocorrera em todas as outras dezenove manhãs de festa, comemoradas naquela mesma casa.

Meu aniversário já havia se tornado uma tradição a ser cumprida nos mínimos detalhes, e nunca importaria se eu fosse completar nove ou quarenta e nove anos, ou se eu teria cabelos brancos no lugar de minhas cerdas ruivas. Tia Iolanda faria questão de manter os balões onde eles deveriam ficar, e o bolo sempre seria de chocolate. Pavarotti e Bryan sempre cantariam para mim, em plenos pulmões, e eu jamais deixaria de rir de tudo aquilo, por soar extremamente antiquado.

Ainda assim, era impossível não me fascinar com tanto afeto.

— Parabéns, Cristina! — Tia Iolanda exclamou com um sorriso entusiasmado, apertando rapidamente o botão da câmera para evitar minha certa fuga. O flash me cegou, fazendo-me franzir o cenho.

— Pelo amor de Deus, tia. Eu nem tirei os pijamas! — Reclamei, enquanto recebia seu abraço apertado.

— Preciso registrar seu primeiro momento com vinte anos, querida. É a tradição!

Respirei fundo e encarei novamente os balões, tão amorosamente colados na parede da cozinha. Fitei minha tia nos olhos sorridentes, e foi impossível não acompanhá-la no riso. Como em todos os outros aniversários, acabei me rendendo aos costumes.

— Você se lembra desse dia? — Perguntei a Iolanda, ouvindo o relógio apitar que já passava do meio-dia

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— Você se lembra desse dia? — Perguntei a Iolanda, ouvindo o relógio apitar que já passava do meio-dia. Entre uma garfada ou outra nos restos mortais do bolo de chocolate, vi meus dedos apertarem um retrato antigo, onde uma miniatura de mim se sentava ao lado de meus pais, os três felizes e unidos por um abraço apertado. Na foto, meu pai e minha mãe sorriam exageradamente, a fim de acompanhar o sorriso extravagante da pequena Cristina, responsável por destacar a ausência de dois dentes da frente. Era uma foto realmente divertida de se admirar.

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