O passarinho azul
apareceu no meu canteiro de flores
Tal esse que ninguém nunca tinha o visto
O passarinho azul cantarolava
E eu o admirava sem que ele soubesse
Colocava minhas flores mais bonitas pra que ele sempre voltasse
Tentei o conquistar com o meu poema físico de flores
Mas ele não percebeu o que eu estava tentando fazer
Certa vez decidi me aproximar
E ele vôou para longe
Me senti triste e brava
No dia seguinte não apareci onde costumava vê-lo
Eu senti sua falta e no outro dia apareci e lá estava ele
Desta vez não me aproximei fiquei no canto ouvindo sua canção
E rapidamente uma lágrima escorreu dos meus olhos
Algo que não pude conter
O passarinho azul se aproximou
Cantarolou bem perto de mim como um pedido de desculpas
Como pode um passarinho azul me fazer sorrir e chorar ao mesmo tempo?
Não quis questionar
Dali em diante passamos a nos ver todo dia, eu o oferecia meu canteiro de flores, canteiro este que nunca havia mostrado a ninguém e o passarinho azul me oferecia sua canção
Ficamos conectados como jamais havia ficado com outra coisa ou alguém
O passarinho sabia quando eu estava triste ou feliz
Eu sabia pelo seu cantarolar quando as coisas não iam bem
E a gente se consolava, tínhamos um ao outro
Certa vez eu machuquei o passarinho azul da forma mais cruel e ele não foi embora
Em outra vez ele me machucou e dessa vez eu fui egoísta e o mandei embora
Todos os dias eu ia ao mesmo canteiro e lembrava das canções, eu voltava pra casa e chorava mas não queria que o passarinho azul me visse assim, com meu orgulho passei meses sem ver o passarinho azul, tentei criar aquela ligação com outros pássaros mas era em vão, meus dias ficaram cada vez mais tristes e em minha vida parecia faltar um pedaço, pedaço esse que eu precisava recuperar, então algumas vezes eu tentava ir ao canteiro mas no meio do caminho eu voltava meu orgulho não me deixava continuar e eu voltava e chorava, como pude ser tão covarde?
A cada mês que passava as coisas ficavam piores, mais tristes
Certa vez a dor ficou tão insuportável que eu cortei minha pele foram os cortes mais fundos e que mais tardes me deixaram as cicatrizes mais visíveis, às cinco da manhã do dia seguinte eu fui ao canteiro, eu não imaginei que o passarinho azul fosse estar lá, mas ele estava, o canteiro já não era o mesmo mas ele tentou cultivar e cuidar do canteiro pra lembrar de mim, e por mais que ele tentasse não dava pra fazer sozinho, eu quis abraça-lo mas eu não podia, eu quis retomar tudo que éramos mas não pude, o meu passarinho azul da felicidade já não podia mais ficar comigo, ele havia encontrado outro canteiro mas não tinha esquecido do nosso, eu disse tudo que sentia, ele me disse tudo que sentia, mas não podíamos ficarmos juntos, eu cheguei tarde de mais, eu o queria e por mais que ele me dissesse o mesmo eu sabia que não, então eu aproveitei enquanto ele estava ali, eu cuidei do nosso canteiro e ele cantarolava pra mim, tudo parecia estar voltando ao normal, mas pássaros são livres, o passarinho me ajudou a cultivar o canteiro de flores de novo, me deu novas canções mas me disse que não podia ficar, ele me ajudou a cultivar o canteiro de flores novamente pra eu ter uma lembrança sua, mas ele sabia que aquilo que estava fazendo iria me machucar, então ele cantarolou uma última canção que eu chamo da canção do adeus, pois o meu passarinho azul da felicidade já não era mais meu pois era livre e escolheu ficar no canteiro de outro alguém e me deixou cheia de lembranças suas.
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Vênus
PoetryPoesias e Textos. Aqui expressarei meus sentimentos mais profundos e obscuros.