13 - Invasão

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Parece que finalmente estou me encaixando em algum lugar, aquele almoço foi divertido, nem com meus amigos de Oncep eu tinha me sentido tão a vontade. Gabriel com seus cabelos castanhos e olhos azuis era doce, Luiz tinha cabelos negros e pele caramelada, era um pouco afastado e centrado mas quando os dois começaram a me fazer elogios senti meu rosto todo queimar. Antony era o pequeno palhaço do grupo, Leticia era fofa e alegre, Felipe era convencido. Ruan, cabelos negros em cachos caindo sobre os ombros, olhos castanhos ele era diferente da maioria. Um sorriso brotava em meu rosto ao lembrar deles.

Quando terminei o almoço e segui para a sala de Tavarres, Victor não estava mais lá. Estavam tendo problemas nos muros e os Transportadores foram convocados para ajudar, aparentemente aquilo era perigoso e um frio na barriga me tomou ao imaginar Victor machucado.

Fui aconselhada a ficar em casa, na verdade o Tavarres saiu levando a chave e eu estou aqui presa. Já faz dois dias que eles sairam e eu estou morrendo de preocupação. A madrugada se estendia como uma tortura, entrei no quarto de Victor e cacei um de seus moletons, vesti e voltei ao meu quarto me sentando na janela encarando os muros.

Estava quase adormecendo quando escuto a porta sendo aberta e algo cair, me levanto rapidamente e abro a porta do quarto, Victor estava trancando a porta devagar, suas mãos estavam tremendo. Me aproximei dele rápido o suficiente para que pudesse se apoiar em mim, abri a porta do seu quarto e o ajudei a deitar na cama.

- Eris... - ele murmurou com os olhos fechados, seu abdômen estava sangrando muito. Um desespero tomou conta de mim e eu comecei a tirar seus coturnos, tirei sua jaqueta e a blusa com dificuldade, um corte profundo e algo metálico já podia ser visto. - Ah que droga!

- Eu vou tirar isso, vai doer. - fui sincera, ele assentiu. Victor era largo e seus músculos fortes demais para eu separa com uma mão, me sentei sobre ele e puxei a parte de baixo do seu abdômen com o joelho e a de cima com uma mão. Ele urrou.

- Hm! Merda! Ande logo Eris! - respirei fundo colocando os dedos dentro do corte e segurando o objeto, ele se remexia e seu corpo estava esquentando a ponto de me incomodar. Quando agarrei o pedaço de metal puxei com toda a minha força. - Ah!

Ele acabou soltando suas chamas em desespero, coloquei os braços a frente do rosto para me proteger. O moleton pegou fogo em alguns lugares que eu tratei de apagar o mais rápido possível, deixando alguns buracos. Ele estava ofegante, o suor e o sangue se misturavam tanto em mim quanto nele. Desci da cama e peguei uma maleta de primeiro socorros que eu tinha visto em uma gaveta da cozinha, voltei rápido para suturar aquilo.

- Eris? Diga que eu não machuquei você! Por favor! - suas mãos grandes passavam em meu rosto e meus cabelos em um desespero incomum, sorri para ele.

- Eu estou bem, não se preocupe. Vou fechar esse ferimento. - ele sorriu soltando um suspiro profundo, me aproximei do ferimento e comecei a costurar enquanto a respiração dele regularizava.

- Onde aprendeu a fazer isso? - sua voz estava rouca demais, provavelmente pelo cansaço.

- Sou uma pessoa curiosa, gosto muito de ler e onservar os outros. - ele riu assentindo enquanto eu terminava o curativo desajeitado. Me levantei deixando a maleta de lado, ele me olhou sorrindo mas logo seu sorriso morreu, seus olhos percorreram meu corpo e uma raiva pareceu nascer.

- São queimaduras? - olhei os buracos no moleton e o retirei, mostrando a ele as queimaduras, suas mãos dedilhavam de um jeito trêmulo, prendi a respiração. - Quem?

- Não sei ao certo, eu estava morta a vista de todos. Não foi culpa de ninguém. - dei de ombros, o top preto estava encharcado de suor a essa altura.

- Hm... venha, eu estou cansado. - não foi um pedido, e muito menos uma súplica. Abri a janela e me deitei do lado oposto ao curativo me alinhando ao seu corpo quente e suado. - Obrigado, Tampinha. Bom anoitecer.

- Bom... - fiquei esperando ele dormir e em seguida adormeci também. Nesses dois dias eu estava agustiada e não consegui dormir bem, mas hoje me vi tranquila sabendo que ele estava a salvo.

[···]

- Victor?! - a voz de Tavarres acabou acordando nós dois de imediado, ele estava entrando em casa. Me levantei e abri a porta do quarto.

- Ele está aqui. - anunciei, Tavarres entrou como um furacão deoois de beijar minha cabeça. Victor estava sentado na cama parecendo melhor.

- Me falaram que você tinha se ferido, como isso aconteceu?- Victor contou uma parte da luta, resolvi deixar os dois sozinhos e segui para o meu quarto.

Tomei um banho retirando o sangue e o suor do meu corpo, estava realmente assustada com tudo isso. Os telectos estavam fazendo uma verdadeira tempestade, os muros viraram alvo de agitação, era possível ver alguns alunos da academia andando por cima deles. Tinha acabado de me vestir quando Victor entrou no quarto, a blusa cinza tinha uma pequena mancha de sangue, um sorriso largo tomou seu rosto.

- Café da manhã, tampinha. - corei, eu gostava do apelido. Sai do quarto um pouco apressada.

- Bom amanhecer, Eris. - Tavarres tinha preparado o café como sempre, os dois estavam sentados a mesa se servindo. - Obrigado pelo que fez .

- Não precisa agradecer. - sorri sem jeito me servindo em seguida.

- Estaremos formando um novo GEC, gostaria de participar? - ele perguntou me pegando de surpresa, Victor mantinha um olhar profundo sobre mim aguardando a resposta.

- Eu não sou uma elementar, não tenho nada a contribuir. - dei de ombros, essa era uma verdade.

- Na verdade tem sim, e ainda poderia aproveitar e treinar mais. - Tavarres era de fato insistente.

- Tudo bem, eu não vou ganhar mesmo. - gargalhamos, o café foi rápido, Tavarres precisava voltar oara a regência e nós para a academia.

Descemos as escadas do prédio devagar, a moto de Victor estava no mesmo lugar da última vez. O frio dessa manhã estava denso, um cataclisma parecia estar se aproximando do novo mundo com rapidez, me perdi olhando para a direção do vento e não notei Victor vir em minha direção e colocar sua jaqueta sobre mim.

- Vamos tampinha, temos muito trabalho hoje. - ele riu me ajudando a subir na moto, segurei em seu abdômen tendo cuidado de não machucar seu ferimento.

Quando ele estacionou a atenção estava toda sobre nós, me aoressei em lhe entregar a jaqueta que ele pegou sem reclamar. Com uma mão em minhas costas seguimos para a sala de Tavarres onde ele me colocou sobre a mesa e se sentou na enorme cadeira, os olhos fixos no computador procurando alguma coisa. Minha mente girou quando forcei uma entrada brusca na sua.

Ruan Garcia
Luiz Collin
Leticia Collin
Antony Ryan
Felipe Noga
Gabriel Covar

Eram os nomes que ele estava procurando, os nomes das pessoas que conheci ontem, eles eram a nova equipe que Tavarres estava falando. Quebrei o vínculo quando comecei a ver cenas dos dias anteriores e meu corpo ficou tenso, a mente de Victor não era muito amigável para visitas.

- O que foi? - ele me assustou com sua pergunta repentina, sorri para esconder o espanto e puxei o caous novamente sobre meus olhos.

- Nada, o que está fazendo? - balancei as pernas parecendo uma criança naquela mesa, ele poderia sentar e continuar com os pés no chão mas para mim ainda faltava quase um metro de distância.

- Mandando alguns emails para os professores da minha nova equipe. Circunstâncias desesperadas pedem medidas desesperadas. - ele respirou forte fechando os olhos como se esse movimento lhe causasse muita dor.

- O que os telectos querem? - eu tinha meus palpites, minhas maneiras de saber também mas, estou evitando pesadelos.

- Nossa fonte de energia. - ele respondeu quase em um sussurro, era quase obvio demais, estava prestes a fazer uma pergunta quando uma cirene ensurdecedora começou a tocar. Victor se levantou rápido indo até a porta. - Fique aqui, não saia Eris.

- O que aconteceu? - me levantei indo em sua direção com o corpo em torpor.

- Fomos invadidos. -

Numbers Zero - Livro 1(DEGUSTAÇÃO) Onde histórias criam vida. Descubra agora