Estamos presos neste vínculo tortuoso do qual não podemos sair e nem nos foi dada a chance de escolher.
Acorrentados com sangue e o peso de punhos, culpa e lembranças dolorosas de um passado obscuro. Você tenta convencer os outros de que não sente nada, mas você sente.
E sente muito.
Você é a razão pela qual procuro por um copo cheio de líquido puro em coisas sem sentido e corpos vazios. Motivo pelo qual eu sinto dor e um emaranhado de mágoa junto a raiva.
Você é também, porém, o motivo pelo qual eu luto dia e noite por sobrevivência dentro do meu corpo. Porque sinto como se eu não te amasse tanto, eu te suporto à nível extremo.
Estamos presos nesse vínculo, acorrentados com sangue, atrás das grades por conta de seus erros incorrigíveis.
Mas você ainda não os assume.
Talvez nunca assuma.
E então, você atira contra o alvo.
E este, sou eu.
O som da sua voz tem dor, suas palavras são como uma correnteza forte e destruidora. E você, cara... está desmoronando.
Ninguém poderia morrer por você.
E eu tenho o êxtase. Aprendi a blindar todo meu ser para que nenhuma de suas doses de veneno fossem capazes de me destruir.
Sua existência me corrói, mas não o suficiente para me fazer deixar de existir.
Porque eu existo. E eu te assombro como você me assombra. Eu não te conheço e você não me conhece. Eu te vejo com uma visão turva, e você nem ao menos me enxerga.
Você atira contra o alvo. E este, sou eu.
E, cara. Espero que esteja preparado, porque as coisas mudam, a correnteza se acalma, a chuva um dia para e o sol brilha.
Cara.
Espero que um dia esteja preparado, porque o seu veneno vai ser drenado pelo meu anseio. Sua culpa não vai me matar e seus punhos não vão pesar.
Cara.
Espero que esteja preparado, porque eu não sei se te amo tanto assim. Eu não te conheço e você não me conhece e tudo que vemos um do outro é ímpeto e superficial.
E... cara.
Apenas esteja preparado. Porque você é meu alvo.
E vou atirar contra você.
- fim -