Diário de uma garota nada popular

Capítulo 8

Lian

Desço as escadas abotoando minha camisa e amaldiçoando os ancestrais do ser que ousa interromper o que eu estava fazendo. Pra minha surpresa é minha mãe que está na porta. E pela cara dela não vem coisa boa por aí.

-Mãe? O que aconteceu? É a Lua? O papai?  O que aconteceu?- Atropelo as palavras.

Minha mãe me arrasta até a sala. Senta no sofá e me olha atenta.

-Lian , é a Bia.

-O que tem ela?

-Ela está no hospital.

-Mas o que aconteceu? -Eu sei, que para minha mãe aparecer aqui nessas horas ,coisa boa não é.

-Ela está grávida filho. E ela confirmou que o filho é seu!

Você sabe aquele momento em sua vida que o tempo congela, que você pode ouvir o vento gemendo do lado de fora. Que as partículas de poeira se tornam visíveis num piscar de olhos. Isso só pode ser um teste. Uma brincadeira, uma pegadinha. Qualquer porra pode ser. Menos isso. Não agora. Agora eu tenho tudo como sonhei. Tenho uma linda mulher semi nua me esperando no andar de cima. Uma mulher que eu amo. Que eu me apaixonei perdidamente deste o primeiro momento que a vi. Eu a amo como todas as forças que um ser humano é capaz de sentir. Ou quem sabe até mais. E eu sei que a partir do momento que ela ficar sabendo, meu mundo irá se despedaçar por completo.

-Não pode ser mãe. Nós sempre usamos proteção. - Coloco minhas mãos no rosto, tentando esconder meu desespero.

-Ela teve uma ameaça de aborto filho. Me ligou porque estava apavorada. 

- O que eu vou fazer agora mãe? Como vou contar pra Annie isso?

- Vocês precisam ser fortes. Precisam apoiar um ao outro.

- Eu vou querer um DNA,isso não pode estar acontecendo. Ela vai me deixar mãe! Ela não vai aguentar a pressão.

-Você não pode esconder isso dela. Mas temos uma criança no meio da situação e ela não tem culpa do erro que vocês dois cometeram.

-Criança?

Escuto as palavras ditas em um tom baixo. Annie está usando um hobby sobre o suposto corpete que eu estava deliciosamente retirando de seu corpo. Ela está parada. Branca , imóvel.

-Amor. - As palavras saem arrastadas, cortando a minha garganta.

-Filho me liga. Vou deixar vocês dois conversarem.

Minha mãe caminha até Annie e cola um beijo em sua testa. Permaneço imóvel no lugar. Annie caminha até onde eu estou e se senta ao meu lado. Na hora eu sinto o cheiro do perfume dela. É  como se nesse momento nada mais importasse . 

-Me perdoa.- Eu peço olhando em seus profundos olhos verdes.

-Lian o que está acontecendo? Que criança?

-A Bia está grávida. E se for mesmo meu filho, eu não posso ignorar isso. Não posso simplesmente fingir que nada vai mudar. Mas meu amor, eu preciso de você. Sempre foi você. Em todos os lugares que me vi perdido, era você quem eu procurava. Por favor. Prometa! Não me deixe.

-O que aconteceu? Você me traiu?

-Jamais meu anjo. Nunca faria isso. Ela teve uma ameaça de aborto e chamou minha mãe. Não sei ao certo o que aconteceu. Eu estou em choque ainda.

-Você vai ser pai?

-Sim-  Meu sussuro é como um prece ao céu.

Vejo lágrimas brotarem em seus olhos e aquilo acaba comigo. Eu sou o causador dessa dor. Eu que prometi e jurei que nada nem ninguém iria machucar ela. Ela me abraça. Me abraça como se o mundo fosse acabar amanhã. Me abraça com uma fome de sentimentos.