Capítulo 9

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Lian

Acordo assustado, com uma sensação estranha. Os primeiros raios de sol entram pela fresta da cortina. Sinto falta do calor de Ann. Olho ao redor e não a encontro no quarto.Me levanto como um louco e vou ao banheiro ver se ela está lá. Nada.

Suas roupas de ontem à noite estão espalhadas pelo chão. Desço as escadas a procura da minha provocadora dos infernos, imaginando ela vestida somente com alguma camiseta minha. Tudo quieto e silêncioso. Passo pela sala. Nada. Percorro o corredor em direção a cozinha.Nada.

O pânico se apodera de mim. Sinto com se estivesse perdendo o chão. Ela não teria me deixado. Nós estávamos bem. Eu a amo e ela me ama. Porque diabos ela me deixaria? Eu nunca abandonaria ela. Ela é a minha razão de viver!

Quando me dou conta que ela não está no apartamento, subo correndo as escadas em direção ao quarto. Coloco a primeira roupa que encontro. E vou logo ligando para o celular que eu dei a ela. Escuto o celular chamando. 

-Droga Annie. Aonde você se meteu?

Pego as chaves do carro e me apresso ao sair. Nessas horas tudo parece andar lentamente. O elevador demora séculos para chegar. Estou pirando, surtando, tendo um ataque de pânico. Por ser extremamente cedo as ruas não estão congestionadas. Corro como um louco. Quase atropelo um homem que atravessa a rua com seu cachorro. Ele que me perdoe. Mas isso aqui é um assunto de máxima urgência.

Chegando ao apartamento dela percebo que a porta está aberta. Quando eu entro , eu sei! Ela se foi. Todos os seus móveis permanecem no mesmo lugar. Até mesmo o livro que ela estava lendo está sobre o sofá aberto em uma página. Vou ao seu quarto e o desespero me consome.

-Nãooooo....Por que ?- Eu grito e caio de joelhos ao lado de sua cama.

Todas as suas roupas se foram. Todos seus itens pessoais também. Ela me abandonou. Ela não aguentou a pressão.

-Que infernos mulher! Eu daria tudo pra você! TUDO!

Meu grito deve ter acordado todos os moradores dali. Mas eu não me importo. Saio a caça de informações. Ela não deve ter ido longe. Converso com praticamente todos que moram ali. Nada. Volto ao seu apartamento e me sento no sofá. Analiso a prateleira de livros em minha frente lembrando quando ela me contou como conseguiu cada livro que estava ali.

Lágrimas descem agora como uma cachoeira.Pego o livro que ela estava lendo.Linhas destacadas na página.

“Há uma maré na história do homem. Deveríamos aceitar a enchente, ela leva à fortuna. Mas se omitida, a viagem das suas vidas percorrerá vales e misérias. Num mar tão cheio agora flutuamos. E devemos pegar a corrente quando ela nos servir. Ou perder as aventuras que estão por vir”

Pensamento escrito por William Shakespeare, na sua tragédia Júlio César, peça que remonta a conspiração que havia em torno do imperador Júlio César, que resultou, posteriormente, em seu assassinato.

Leio e releio. Como se ali estivesse alguma mensagem sublimiar. Eu sei, estou tentando achar algo que me faça acreditar que estou em um pesadelo. Mas quanto mais tempo permaneço sentado ali. Mais me dou conta que eu a perdi.

Perdi minha alma gêmea. Perdi minha provocadora dos infernos. Perdi meu centro e minha calma. Perdi meu amor. EU A PERDI.

1 Semana depois.

-Liannnnnnnn....LIANNNNNNNNNN...Juro por todos os prendedores de cabelo da vovó, que se você não abrir a porra dessa porta, eu vou deixar o Drew e o Taylor arrombarem ela.

Diário de uma garota nada popularOnde histórias criam vida. Descubra agora