Novos vôos

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Os ventos decidiram soprar novamente, de leste a oeste, e depois virou para o norte, se tornou brando e ao inverter o sentido agitou-se um pouco, mas como aprendeu a voar, já não mais ficou espantado, na verdade, o que fez foi aproveitar a situação para deixar o seu descanso e fazer novos vôos.  Este é o problema de se aprender a voar, você não consegue mais passar muito tempo olhando para os problemas e situações do mesmo modo. É preciso fazer com que a visão seja capaz de perceber aquilo que uma lagarta antes de sua transformação não consegue imaginar. Aliás,  imaginação e oração tem valores importantes que devem ser considerados quando o assunto é  uma vida transformada.

Assim como a borboleta, a criança desprezada em seu início foi, intimidada pela sua carência,  afrontada pela sociedade ao seu redor e acabou vivendo enclausurada em si mesma, experimentando suas próprias angústias e uma solidão insana, mas foi aí também que percebeu que já não cabia mais neste espaço,  algo dentro de si produziu transformações tamanha que vez romper com o seu isolamento, diante desta nova situação tornou-se a apegar ao que lhe parecia seguro. Mas para que asas se não for para voar? Então,  se lançou acima do medo e mesmo diante da alternância dos ventos experimentou passar por aquilo que ainda lhe era desconhecido.

- Que maravilhas! Pode então exclamar do alto ao perceber que a vida era diferente do que estava acostumado a pensar. De fato, ao se arrastar tudo lhe parecia maior e muitas vezes perigoso, mas aqui do alto é no mínimo diferente. Pode se concluir que existem possibilidades que seguem além do que se cogitava. Que experiência! Nesta altura, a única questão a pairar certamente é a de não ter vivido esta oportunidade antes.

Mas a vida é  preparada para ser vivida cada uma a sua etapa. De acordo com o sábio, tem um momento para cada propósito debaixo do sol, e falando em sol, como ele se torna lindo quando se tem o privilégio de o conhecer vestido de liberdade. Aliás,  para uns ele não passa de...

Severo,
Fatigante,
Castigador dos homens,
Controlador cruél,
Que marca instigantemente o tempo,
Por sua culpa estamos presos,
Infelizes,
Infiéis,
Desgostosos,
Estressados,
Não há motivação,
que habilmente lança em minha face a insignificancia de meus dias.
De que adianta minha correria se nunca o venço?
No fim do dia estou exausto,
E vais tu felizes atordoar a outros.
Não te cansas fatigar estes pequeninos?
Vejas que do alto onde estás parece nemperceber a sua fragilidade.
Ah! Prisioneiro que sou deste sistema...
É melhor voltar à liberdade,
Voar, e seguir para outros lugares.

De fato, do alto passou em sua mente tal pensamentos, e quem dera se assim não o fora. Imaginar é o que ampara, acalentado o coração,  empurrando para o ato de sair da desilusão que as lutas lhe causaram. Desfrutar do ar enquanto se via... É inegável.

Não estamos em busca de dinheiro, o que queremos é apenas continuar rompendo em direção do desconhecido a frente. Certamente haverá muitos pousos e decolagens; cenários ímpar e muita acentura.

Meus textos e outras reflexõesWhere stories live. Discover now