Capítulo 4

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Abri os olhos e fechei novamente estava morrendo de sono, porém, o meu celular não parava de tocar, tateie devagar a mesinha de canto que ficava ao lado da cama até que consegui encontrar o motivo que me acordou tão cedo e ainda faltando algumas horas para meu relógio despertar.

— Alô — falei aborrecida.

— Olá filha querida! — exclamou minha mãe empolgada do outro lado da linha. Dona Renata insistia em me ligar assim que acordava, mesmo sabendo que não costumo acordar cedo, como ela. Exceto quando preciso trabalhar, os demais dias levanto somente depois das 8 horas da manhã.

— Não podia esperar um pouquinho mais para fazer essa ligação, mamãe — ralhei sentando na cama, já estava acordada mesmo.

— Estou acordada faz um tempo, querida e achei que você também estaria. Afinal Belo Horizonte ainda é o mesmo horário do Rio — brincou tentando dissipar o meu mal humor matinal. Minha mãe é o meu oposto, sempre foi, apesar dos seus 56 anos ainda tem mais energia do que eu e a minha irmã, juntas. Ela é professora de Yoga e dá aulas num parque ecológico da cidade para seu grupo da terceira idade e ainda faz hidroginástica todas as manhãs.

— Ok! Acho que agora estou — anunciei levantando da cama e seguindo até o banheiro com o celular em uma das mãos e o viva voz ligado.

— Quando você vem nos visitar? Estou com saudades, ou melhor todos estamos com saudades, seus sobrinhos não param de perguntar por você.

— Não sei, mamãe vou para Nova York está noite e depois Roma, ainda não sei quando vou conseguir uma folga maior para dar um pulinho em BH — expliquei observando meu rosto no espelho, as olheiras profundas devido as poucas horas de sono que tive a noite passada eram evidentes.

— Quatro meses é muito tempo minha filha, seu pai já está cogitando ir ao Rio se você demorar mais uma semana para aparecer — desabafou preocupada. Minha mãe não era exagerada, além disso, eu sabia que estava devendo uma visita aos meus pais. Ainda mais agora que descobri que meu pai estava quase entrando num avião para vir me visitar, coisa que ele nunca fazia. O senhor Paulo tinha um verdadeiro pavor de voar, sempre preferia ir de carro nas suas viagens e quase surtou quando descobriu que eu iria ser aeromoça. Fiquei um mês inteiro tentando convencê-lo a me deixar fazer o curso preparatório e quando consegui meu primeiro emprego e embarquei para morar no Rio, ele ficou uma semana sem falar comigo, mas no fim acabou aceitando o meu emprego desde que eu apareça para uma visitinha surpresa sempre que puder.

— Vou conversar com a Juliana e ver se consigo trocar com ela, mas diga para o papai me esperar dentro de uma semana apareço por ai, nem que for um visitinha rápida senão conseguir trocar meu voo.

— Posso contar com isso? — perguntou cautelosa era a segunda vez que prometia uma visita e acabava cancelando depois de pegar mais uma escala extra.

— Claro, não pretendo desmarcar dessa vez fique tranquila e avise o papai.

— Tudo bem, me avise quando sair do Rio, quero deixar seu bolo preferido pronto antes de você chegar.

— Sabe que não precisa me agradar, iria visitar vocês mesmo sem o seu delicioso bolo de chocolate com calda de brigadeiro.

— Sei disso querida, mas não custa nada mimar minha filha caçula. Quem sabe assim ela volta mais vezes pra casa.

— Ah! Mamãe não precisa fazer chantagem se pudesse iria te visitar em todas as minhas folgas, acontece que os últimos meses foram puxados e acabei trabalhando demais e caindo morta no meu apartamento o resto do tempo.

— Trabalhar demais nunca é bom Emily.

— Entendo e vou diminuir o ritmo aos poucos pode ficar tranquila.

Embarque Imediato- REPOSTANDOOnde histórias criam vida. Descubra agora