Capítulo 4

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Eu tenho problema com lembranças, como eu não consigo ver as coisas ao meu redor, eu apenas as imagino, mas às vezes minha imaginação sobre a fisionomia das pessoas é quase real, é como se eu tivesse enxergado tudo aquilo.

"- Mamãe, quero pipoca! Ela corria comigo em seu colo, ela queria chegar em algum lugar.

- Cala a boca Ariela!

Fiquei calada e segurando o choro.

Chegamos em uma casa. Era a minha.

- Abre, Jon. – ela começou a cochichar no interfone.

O portão se abriu e nós entramos. Jon era o meu pai. Era igualzinho a ele. Eu conseguia sentir que era ele.

Ele se sentou no sofá e olhou para mamãe e me abraçou.

- O que aconteceu?

- Eu vi ele Jon.Ele está desconfiando de nós.

- De que você acha que ele desconfia?

- De que nós não somos quem dizemos ser. "

Acordei gritando. Mamãe entrou correndo no quarto, eu estava assustada, odiava sonhar com coisas que realmente ocorreram e que eu nunca conseguia entender. Odiava também ver as pessoas de forma nítida, como se eu conseguisse vê-las de verdade. Aquilo me assustava.

Quando minha mãe me abraçou, o medo e a escuridão logo sumiram.

Escuridão?

Logo pequenos focos de luz eram visíveis, eu conseguia ver cores! Eu comecei a rir e me desesperar ao mesmo tempo. O que estava acontecendo comigo?

- O que foi Ariela? Teve outro pesadelo?

Prendi meus cabelos num coque e passei a mão nos meus olhos, e então... Uma fresta se abriu, agora eu estava começando a ficar preocupada. Isso só pode ser um sonho.

- Mãe!... Mãe! – comecei a gritar

Pude ver seus pés próximos a mim, suas mãos me cercando. Ela colocou um copo na minha mão, pude enxergar uma cor diferente na água, não era transparente, eu sorri diante disso.

- O que é isso?

- Suco de laranja.

Laranja. Era gostoso. Era uma cor bonita, poderia ser a minha cor favorita.

- Ariela. O que aconteceu?

O que está acontecendo comigo? Eu também queria saber. Era uma ótima pergunta a se fazer para alguém que estava abrindo seus olhos depois de mais de vinte anos, e que tinha acabado de ter uma lembrança um pouco pesada. Eu apenas sorri em sua direção como a pessoa mais feliz do mundo.

O homem misterioso. Meus olhos. Tudo isso estava rodando na minha mente. Não era possível que eu, Ariela Victory, estivesse vendo pessoas, estivesse tendo meus olhos abertos.

- Não sei mãe. – eu suspirei- Eu... Eu... queria saber.

Ela me abraçou, pude sentir o calor dela, era o melhor abraço do mundo. Mamãe logo me soltou e começou a se abanar.

- O que quer que tiver acontecendo com você, eu quero que seja aberta comigo. Eu estou aqui para te ajudar com o que precisar. Tá bom? – assenti com a cabeça – Agora, eu vou descer para começar o almoço. Seu pai daqui a pouco está chegando.

Sorri pra ela. Meus olhos abriram mais um pouco. O terror me engoliu. Eu apenas confirmei com a cabeça e ouvi seus passos saindo do quarto, eu estava em pânico. Ouvi o barulho do elevador indo embora. Fiquei sozinha no quarto com minha visão clareando e meus olhos abrindo, eles estavam descolando sozinhos. Isso não era possível!

QUANDO O MUNDO RECOMEÇOUWhere stories live. Discover now