14. Não é um sonho

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E eu preciso de você

Escuto as palavras que você diz

Está sendo difícil ficar

Quando eu te vejo

Nina Sanders - Ponto de Vista.

Parecia surreal os acontecimentos das últimas horas. Em um momento, eu estava fazendo as pazes com Teddy e tento um momento de irmãos e no outro, eu estava com o telefone nas mãos com Abby perguntando se Justin ainda estava na minha casa e se eu poderia chama-lo. Ela parecia aflita demais, antes de questionar o porquê ela achava que Justin estaria ali, perguntei se estava tudo bem.

Tudo o que me lembro é que no momento seguinte Abby estava gritando de dor, então pensando o mais rápido que eu pude, liguei para a emergência enquanto dirigia para a sua casa. Eu teria chamado Justin, mas eu obviamente não sabia o seu número, e se ele não estava atendendo ela, com certeza não me atenderia também. O caminho até a casa de Justin e Abby era pequeno, cheguei enquanto ela era colocada na ambulância e decidi acompanha-la.

Por que eu resolvi acompanha-la? É o que estou me perguntando nesse exato momento enquanto espero na sala de espera. Eu realmente estava ajudando a mulher que possuía absolutamente tudo o que eu mais queria? Sim, eu realmente estava. Tudo o que eu conseguia pensar é na sensação horrível de perder um bebê, e mesmo que eu não fosse a pessoa que mais admirava Abby, eu não desejaria isso para ela. Eu não poderia viver sabendo que eu poderia fazer alguma coisa para ajudar e simplesmente ignorei porque preferi agi infantilmente.

Justin não merecia perder seu bebê também. Tibby. Sua pequena garotinha merecia a chance de vir ao mundo. E imaginar que ela seria meia-irmã do meu bebê me traz algo que não sei identificar. Dor talvez, pelo fato de que nunca terão uma chance de conviver.

- Nina! - Justin surge veloz. Ele caminha em minha direção apressado, como se sua vida dependesse disso.

- Justin... - sussurro com o coração partido ao ver o estado que ele se encontra. Sou surpreendida quando a primeira coisa que ele faz é me abraçar forte. Em qualquer outra situação, eu teria saltado de alegria, mas sei que é porque ele está sensível.

- Alguma notícia de Abby? - pergunta ao se afastar. - E Tibby? Como elas estão?

- Eu não sei, eles não podem dar nenhuma informação para quem não é da família - explico envergonhada. Ele assente como se entendesse e vai em direção ao balcão de informações. Volto a me sentar observando-o de longe.

Ele é tão lindo. Até mesmo quando parece todo desgrenhado. Me sinto estúpida por ter esses pensamentos enquanto ele está sofrendo por sua mulher e filha.

- Ela disse que o médico vai aparecer logo para dar notícias - suspira se sentando ao meu lado e abaixando a cabeça enquanto passa as mãos pelo cabelo. - Eu juro que não lembrei que meu celular estava no silencioso - lamenta. - Droga!

- A culpa não foi sua - murmuro tentando acalma-lo. - Poderia ter acontecido com você lá ou não - explico.

- Mas se eu estivesse lá, poderia ter a ajudado - resmunga. - Que marido de merda eu sou!

- Não, não é! - digo engolindo um seco. Não posso falar mais nada porque estou magoada. Não com ele, eu acho. Mas com o fato de me lembrar mesmo sem querer, que é marido dela.

Ficamos em um silêncio constrangedor pelos próximos minutos. Eu quero poder falar alguma coisa, mas sei que tudo o que sairá da minha boca é o quanto o amo e como quero saber tudo o que se passa em sua cabeça.

Cacos Quebrados {j.b}Onde histórias criam vida. Descubra agora