INDECISÃO

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A vista era impressionante, confesso que tive uma pontada de ''NUNCA MAIS QUERO SAIR DAQUI, RETIRO O QUE DISSE''. Entusiasmada estiquei o braço até a maçaneta da pequena porta, estava enferrujada, consequentemente ganhei uma nova tatuagem na palma da mão, ao empurrar notei que seria um grande obstáculo abri-la pois havia emperrado. Me afastando peguei impulso e lancei o ombro direito diretamente contra a porta, foram apenas dois fortes empurrões até finalmente arrombar.

Quase não consegui notar os móveis, não só pela vista cansada mas também porque havia muita poeira e teias de aranha por todo lado concluindo sinais de abandono. As pequenas janelas exibiam grandes e borradas digitais humanas, sabe aquele frio na barriga que da vontade de.... Pois é, rapidamente as abri arejando todo cantinho, o ranger delas era um bom som para ouvidos ''quase'' sem utilidade, precisava mesmo ouvir algo que não fosse o meu timbre rouco. Qualquer coisa era melhor que eu cantando com minha fatal voz de pato.

Recolhi algumas roupas que encontrei em um mini armário, realmente era deslumbrante esse lugar pois havia uma ideia de criança mistificada com a agilidade e a criatividade de um adulto. Vestindo-as pude agradecer por ter encontrado esse lugar, necessitava muito de outras roupas já que as minhas estavam rasgadas, sujas e suadas. Sem contar o sangue seco que fedia, entretanto já nem sentia por ter me acostumado com o odor do ódio e da amargura que vivi naqueles dias, foi constrangedor levá-las ao nariz penso que se sentiu humilhado por isso. Olhando ao redor deslizei os dedos por cada móvel, foram feitos milimétricamente perfeitos como se a casa já viesse pronta para usar, ou o antigo morador além de apaixonado pela natureza era também um estupendo designer.

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