2| Memórias do coração

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Da janela, observava a lua cheia. Pensava nele. Era inevitável não pensar. Em pouco tempo, estaríamos juntos, contemplando a beleza da lua.

Mamãe ficaria no palácio aquela noite. Apesar de estar sozinha, não sentia medo. A felicidade instalada em mim era algo sublime.

Assustei-me quando o vi na janela. Logo soltei um riso baixinho.

— Donzela. — Ele sorriu.

— O que faz aqui? Está maluco?

— Não aguentei a saudade.

Suas palavras me desarmaram. Ele pulou a janela e aproximou-se de mim. Seus braços envolveram-me e ele beijou-me com paixão. Sabíamos que era errado. Porém, literalmente, no calor do momento, não fomos capazes de resistir à concupiscência de nossa carne. Amamo-nos como se fosse a primeira e a última vez.

E, de fato, foi.

E, de fato, foi

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Bati na porta. Entrei, assim que ouvi a permissão do príncipe. Como imaginava, nossos olhares atraíram-se imediatamente. Ele parecia surpreso e carregava consigo mais uma gama de emoções que não era capaz de definir se eram boas ou ruins.

Reverenciei o príncipe e larguei a bandeja sobre a mesa do escritório, conforme sua ordem.

— Está tudo bem, senhor Fontaine? — Príncipe Klaus questionou.

Ouviu-se o silêncio, por alguns instantes, enquanto me dirigia à saída.

— Sim, alteza.

Deixei o escritório em passos ligeiros. Procurava respirar e inspirar, manter-me calma. Entretanto, era impossível. Depois de quase onze anos, ele resolveu voltar. Era crucial que não deixasse sua presença me afetar. Eu deveria ficar tranquila. Por ela.

Depois de chegar à cozinha, ajudei a fazerem o jantar. Fiquei a maior parte do tempo calada. Meus colegas de trabalho sabiam o porquê e não ousavam me perguntar nada sobre o ocorrido. Ouvia a conversa de todos. Diziam que o príncipe Klaus chamou Arthur Fontaine para encontrar o assassino do rei Dimitri.

Arthur Fontaine — de acordo com meus cálculos — tinha 29 anos e uma mira excelente. Cresceu brincando com facas, espadas e arcos-flecha. Há onze anos, partiu de Valência, junto com o pai, o qual trabalhava como justiceiro. Pelo visto, Arthur seguiu o mesmo caminho.

— Valentina. — Dafne chamou-me. — Como Rose está? — Podia sentir a cautela em cada uma de suas palavras.

Suspirei pesadamente.

— Destruída. — Abaixei o olhar. — Mas vamos sobreviver a tudo isso. Tenho fé que sim. — Tornei a encará-la.

— Você é forte, mulher. Mais do que imagina. — Dafne deu dois tapinhas em meu ombro.

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