3| Ousado amor

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— Majestade, aqui está o chá. Precisa de mais alguma coisa? — Indaguei.

— Na verdade, você seria algo muito prazeroso neste momento, mulher.

Senti nojo quando ele tentou me agarrar à força. Ele podia ser o rei, mas não permitiria que ele fizesse aquilo comigo. Mordi sua boca quando ele tentou me beijar. Ele gemeu de dor. Aproveitei sua distração e dei um tapa em seu rosto.

— Nunca mais faça isso, cretino. — Vociferei.

— Saia daqui. Mas saiba que vai se arrepender disso.

E me arrependi amargamente.

Naquele fim de tarde, estava chegando perto de casa quando avistei o tumulto. Em frente a minha casa. Corri. Quando meus olhos contemplaram àquela cena, gritei. Senti meu coração quebrar como vidro. Ajoelhei-me diante do corpo de Adeline. Minha filha estava com uma flecha atravessada em seu peito. Rose, chorava inconsolável, diante do corpo da irmã gêmea.

Ninguém soube me dizer de onde tinha vindo a flecha. Suspeitaram que foi um acidente. Entretanto, quando a flecha foi retirada do corpo de minha menina, pude ler as palavras "disse que se arrependeria". Foi o suficiente para eu saber quem tinha feito aquilo.

Naquela noite, depois de sepultar minha filha, deixei Rose com Margareth e fui para o palácio. Mamãe foi uma das empregadas de confiança da antiga rainha, portanto, ensinou-me todas as passagens secretas. Foi por uma dessas passagens que cheguei ao quarto do rei.

Ele estava dormindo. Tranquilo.

Não hesitei em enfiar em seu peito a mesma flecha que ele mandou acertar a minha filha.

Seus olhos se abriram por alguns instantes. A última coisa que ele viu e ouviu, foi a mim. Dizendo que o amor leva-nos a cometer loucuras. E que, no fim das contas, foi ele quem mais se arrependeu.

 E que, no fim das contas, foi ele quem mais se arrependeu

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— Meu Deus, Valentina! Foi você.

Soltei o pranto que estava preso. Busquei conforto nos braços de Arthur, mas ele não retribuiu o abraço.

— Mamãe, está tudo bem?

Sequei meu rosto com a manga do vestido. Rose estava na porta do quarto. Olhava-nos assustada. Fui até ela e a abracei.

— Está sim, meu amor. — Beijei o topo de sua cabeça. — Rose, este é o senhor Arthur Fontaine. Um velho amigo da mamãe. Arthur, esta é Rosalie, minha filha.

Arthur olhou-me perplexo, porém, sorriu para Rose.

— Você é uma moça muito bonita, Rosalie. Quantos anos tem?

— Dez anos, senhor. — Minha filha respondeu. — Iria achar minha irmã, Adeline, muito bonita também. — Rose estampou uma expressão triste, partindo meu coração novamente.

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