Blue Dream

Capítulo I - O início

O som de pássaros e água era repetitivo, alto e mantido por aproximadamente trinta segundos, quando Zoey finalmente decide desligar o despertador do seu celular e sentar-se em sua cama. A menina estava acordada há meia hora, mas decidiu não se levantar até que o despertador tocasse no horário de sempre, sete horas. Seus pés aquecidos tocaram o chão frio, seus olhos inchados e marcados por olheiras se dirigiram até o espelho no outro lado do quarto e então pode ver sua aparência de sempre, cabelos embaraçados e oleosos, lábios secos e nariz avermelhado.

Caminhava sonolenta até o banheiro no corredor do andar, onde a porta estava fechada. Sua mãe estava o utilizando e por isso teria que usar o banheiro do andar de baixo se não quisesse se atrasar. Antes de descer o andar, Zoey se recostou na porta do cômodo, conseguindo escutar o chuveiro ligado.

- Bom dia Senhora Enfermeira. - A menina falou dando um bocejo longo em seguida, então colocou-se a caminhar novamente rumo ao andar de baixo.

O banho foi um tanto demorado, mas agora os fios de cabelo estavam limpos e molhados, enrolados em uma toalha na cabeça assim como a toalha no seu corpo. Sua mão foi até a maçaneta da porta e ao abrir se deparou com a sua mãe, Anabella, já vestida com o uniforme de trabalho enquanto segurava um bolo.

- Feliz Aniversário. - Anabella falava com um sorriso nos lábios, enquanto sua filha cruzava os braços, sorrindo. Então continuou a falar. - Pensou que eu havia me esquecido?

- Na verdade, nem tive tempo de pensar isso. - Zoey achava aquilo fofo e engraçado, então pegou o bolo com um certo cuidado e caminhou com a sua mãe até a cozinha ao lado, o colocando sobre a mesa do café da manhã que estava montada com algumas flores e uma sacola embrulhada. Em seguida virou-se para sua mãe, a abraçando. - Obrigada, mãe. Eu sei que você sempre se lembra do meu aniversário, boba.

- Isso é verdade. Enquanto arrumava a mesa, estava pensando da gente ir comer comida mexicana hoje a noite para comemorar, o que você acha? - Ao ouvir isso, Zoey deu um sorriso espontâneo, comida mexicana era uma de suas favoritas.

- Eu acho uma ideia ótima. - Respondeu enquanto sentava-se próxima a mesa, apanhando uma caneca de bichinhos em cores pastel e servindo café com adoçante. Enquanto servia a comida, não podia deixar de notar a pressa da mãe perante o horário. - Você já vai?

- Infelizmente vou ter que ir mais cedo, em plena segunda-feira Cristina tirou um dia de folga. Diz ela que adoeceu, mas eu acho que isso é desculpa para ter um fim de semana prolongado. Mas eu vou chegar e vamos sair de noite, não se preocupe quanto a isso. - Ao falar essa última frase, Anabella se virou para Zoey e sorriu, aproximando e desferindo um beijo suave na testa da filha. Em seguida fez questão de empurrar a toalha da cabeça da menina, deixando o cabelo molhado e amassado da garota a mostra.

- Você é implicante demais. - A menina falou rindo e se levantando para arrumar a toalha, enquanto isso sua mãe pegava as chaves e caminhava até a porta de saída, jogando um beijo e se despedindo de uma das maneiras mais comuns, como 'cuidado na rua' e 'preste atenção nas aulas'. Assim que Anabella saiu, Zoey sentiu um vazio imenso dentro de casa. Agora ela estava ali, de toalha, tomando café sozinha quando olhou novamente para o embrulho e fez questão de abri-lo.

Antes de tudo, havia uma pequena mensagem de sua mãe escrita num papel junto a uma fotografia revelada ilustrando um passeio que fizeram no início do ano em um parque de diversões. 'Te dei a vida e em troca você deu significado para a minha, te amo. Feliz 17 anos. Com amor, mamãe.'

Anabella gostava de coisas jovens porque ela era jovem e engravidou quando havia recém feito dezesseis anos, dando a luz a Zoey pouco antes de completar dezessete. Então a menina entendia muito bem o esforço da mãe por ser mãe solteira e ter a educado com acompanhamento de sua avó, mãe de Anabella, ou Ana como é acostumada a ser chamada. Por fim, a garota continuou a desembrulhar o presente e se deparou com uma linda pulseira de pedrinhas azuis. Isso fez com que se lembrasse do mês anterior, quando Zoey e Ana estavam em um passeio no shopping e se depararam com essa linda pulseira na vitrine de uma loja. Ana não pode deixar de notar o olhar de desejo da sua filha sobre a pulseira.

Zoey apanhou seu celular, fotografando o presente e publicando em seu Instagram, marcando sua mãe e olhando as horas em seguida. Ela precisava agilizar. Ainda estava no fim do primeiro 'trimestre' na escola e teria que aguentar mais dois até o final, sozinha.

Engoliu seu café rapidamente e colocou a louça na pia, pois teria que lavar somente quando chegasse da escola. Guardou o bolo, a manteiga, os pães e tudo que havia sobre a mesa, subindo depressa para seu quarto para se vestir. Esqueceu as toalhas sobre a cama bagunçada, porém, conseguiu disfarçar suas olheiras com uma maquiagem bem suave e um pouco de corretivo exagerado. Seus cabelos castanhos ainda estavam bem úmidos mas ela realmente não dava tanta importância, então colocou seus óculos, apanhou sua mochila, celular, chaves e desceu as escadas. Rapidamente apanhou uma pera na fruteira do balcão e enfiou na mochila, pois somente comeria quando chegasse na escola. Quando estava prestes a sair, viu a pulseira na mesa e a colocou no pulso, era a primeira vez que iria usar uma pulseira por vontade própria sem ser para uma ocasião muito especial. Mesmo sendo seu próprio aniversário, Zoey se sentia como uma velha, pois não dava tanta importância já que preferia mil vezes quando era o aniversário de sua mãe.

Então, a garota deu uma última olhada na cozinha e então deixou a casa, a trancando e pegando sua bicicleta no quintal. Agora colocou-se a pedalar rapidamente até a escola.