Capítulo 5: Presa no Meio do Caminho

1 0 0
                                    

"I want to know what it takes to find

Some peace of mind

There where I want to be

Yes I know, nothing comes for free

Just let me see

What is right for me"

"Eu quero saber o que é preciso para encontrar

Alguma paz de espírito

Lá onde eu quero ser

Sim, eu sei, nada vem de graça

Apenas deixe-me ver

O que é certo para mim"

(Caught in the Middle - Nemesea)

Cilsan, na opinião de Sigried, era similar a uma colmeia; foi a conclusão à que ele chegou depois de dois dias fechado no quarto que Asa alugara, observando o movimento do quarto andar da Estalagem.

Sendo o Lobisomem de uma Zhuran, viajara por quase todo o Reino ao longo dos últimos anos, visitando quase todas as doze cidades principais. A única da qual Asa permanecia firmemente longe - e ele não tinha ideia do motivo - era Narem, rota obrigatória dos comerciantes que vinham de Orical, Vellum e Riuma.

E Cilsan, sem dúvida nenhuma, perdia apenas para Celestian e para Hila em questão de quantas pessoas existiam ali por metro quadrado. Ver todas aquelas pessoas andando por entre as ruas, os cavalos - e outras montarias -, carroças e carruagens se amontoando uns sobre os outros... Parecia um bando de abelhas. Era sufocante. Perguntou-se se o lugar já era tão cheio antes de sua transformação, ou se era algo recente.

Balançou a cabeça, sentindo-a doer por ver tanta gente junta. Ao menos Vulna e Suzri, apesar de populosas, cresciam por cima e por dentro de montanhas, escavadas na rocha, e com tantos caminhos, era difícil ver as ruas tão lotadas quanto ali. Devia ser um efeito de ser a rota mais rápida e segura para que as caravanas de Arcris atravessassem o Caminho Aberto.

Afastou-se da janela, sentando-se em sua própria cama estreita. Desde Suzri, Asa usava a história de que ele era um rapaz de Arcris, sequestrado pelos seres do Espelho, e que ela estava escoltando-o até a fronteira, esperando receber uma recompensa por isso.

Deu um sorriso de leve ao lembrar de como eles tinham treinado a história nos três dias finais de viagem para a cidade. No terceiro dia, ela desistira: dissera que ele era realmente um péssimo ator, e que acrescentaria que ele era mudo, assim não precisaria falar nada; sim, ele imitava um perfeito sotaque arcrisiano e sabia diversas palavras, mas era um péssimo mentiroso: seus olhos contradiziam facilmente o que ele dizia e tendia a gaguejar e parar no meio de frases mentirosas.

Com os pés em cima do colchão, joelhos para cima e costas na parede, Sigried estendeu a mão e pegou um livro debaixo do travesseiro, apoiando-o nas pernas. Na capa dura de couro negro, estava gravado, em letras douradas, "Lendas de Arcris" - um livro que lera em sua infância.

No nono dia de viagem, inutilizado por terem de tratar das queimaduras e esperar que perdessem a cor de fuligem, Asa começara a ler o livro. O Lobisomem sentara-se ao lado dela e tentara ler em conjunto, mas os anos de falta de prática fizeram as palavras e letras embaralharem diante de seus olhos, completamente sem sentido e trazendo um gosto amargo à sua boca. Ao falar-lhe sobre isso, a Zhuran dera um sorriso triste, antes de se acomodar melhor e começar a reensinar à Sigried os segredos da leitura. Fora também quando ela tivera a sua ideia de dizer que ele era de Arcris.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Feb 15, 2019 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Terra de Vidro - Caco de Vidro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora