.he wasn't dreaming

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Toda aquela situação era estranha. E ao mesmo tempo não era.

Gostar de outro homem é algo que Robert jamais pensou que faria. Essa era a parte estranha. Mas não havia nada de estranho em passar seus dedos por entre os fios castanhos de Michael, ou em encostar suas mãos, em um forte aperto ou apenas um toque sutil. Qualquer contato entre sua pele com a do outro parecia arrepiar todos os pelos de seu corpo (sabia que isso não era muito lógico, mas era a sensação).

Sendo colegas de quarto, estavam mais do que acostumados a dormir atentando-se ao som da respiração um do outro, e surpreendentemente, sempre sabiam quando o outro havia se levantado para caminhar durante a madrugada.

Na última vez que isso acontecera, ambos ultrapassaram o limite do bosque e acabaram sutilmente revelando que os sentimentos que possuíam não eram exatamente amizade. Estavam muito além da amizade, na verdade.

Mas depois daquilo, Robert não tocara mais no assunto. Não tivera a coragem para tal. Quer dizer, já era vergonhoso o suficiente admitir para si mesmo que poder passar praticamente o dia todo na companhia da pessoa que até um certo momento fora seu melhor amigo (e evoluíra para atração romântica) levava-o às alturas. Não precisava que a pessoa questão o lembrasse do assunto conversando a respeito. Seria constrangedor.

Contudo, tudo o que fora suficiente até então, não era mais. Durante as madrugadas, seus olhos não podiam enxergar muito com a pouca luz, mas isso não o impedia de distinguir as formas de Michael. E então ele sonhava.

Sempre fora acostumado a ter as mãos dele sobre si. Em sua própria mão, em seu corpo quando se abraçavam, em seu rosto... toques comuns, inocentes. Ele queria mais.

Em seus sonhos, imaginava como seria se estivessem ambos na mesma cama, os corpos colados. A mão de Michael em um lado de seu pescoço enquanto beijava o outro. Rápidos como vinham, os sonhos acabavam. Robert só conseguia pensar em como gostaria de que algo assim acontecesse, mas também não fazia ideia de como fazer acontecer. Sabia que Michael estava apaixonado por ele também, mas sua atitude continuou a mesma de sempre, não dando qualquer pista (ao menos, uma perceptível a Robert) de que quisesse o mesmo naquele momento.

Até que em mais uma noite (dessa vez, antes de os sonhos chegarem), decidiu que aquele ciclo vicioso não podia continuar. Talvez estivesse se sentindo particularmente corajoso naquele momento, algo que possuía dificuldade em ser, tratando-se de sentimentos.

Ele agora já dormia tranquilamente. Robert não conseguira dormir e seus olhos estavam enxergando bem na escuridão, fazendo com que apreciar suas feições fosse ainda mais fácil que o normal. Sua respiração tranquila fazia-o sentir-se automaticamente bem. Mas esta não permaneceria tão tranquila por tanto tempo.

Michael, até então em seu sono, acordou. Acordou porque seu melhor amigo e amor não-tão-platônico estava abaixando ao lado de sua cama. Apesar do escuro, imediatamente soube que era ele. A silhueta e a voz eram inconfundíveis para aquela mente apaixonada. Seus rostos estavam em níveis parecidos e os cotovelos do outro estavam apoiados em seu colchão.

"Robert?" Sussurrou, sem jeito. Aquela era uma situação delicada.

"Mike..." Foi a resposta imprecisa que ouviu. Michael então percebeu que a respiração do outro não estava calma, mas sim bastante aflita. Estava tão nervoso quanto ele. "Eu poderia por favor... deitar-me com você?""

Aquela pergunta paralisou-o em todas as regiões do corpo. Por que aquilo tão de repente? De qualquer forma, era um pedido que precisava de resposta.

"É... claro que sim." Falou baixinho. Esperava que aquilo fosse um tipo de brincadeira, mas aparentemente não era, pois viu enquanto a forma do outro passou por cima de si e sentiu quando o colchão se remexeu com o novo peso.

Real Dream [WayWood]Onde histórias criam vida. Descubra agora