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× Paulo on ×

Na manhã seguinte acordei com o rosto inchado e dor de cabeça depois da noite de ontem. Me sentia envolto numa nuvem escura. Milena havia feito panquecas e ovos e um bom café que misturei com leite nesta manhã. Todos estávamos comentando um pouco sobre o ocorrido.

- Que ridículo isso mano! Ele ainda não aprendeu a parar de ser um tremendo babaca??? - disse Milly meio furiosa.

- Parece que não. Os Rangel sempre tiveram a pose de meros estúpidos cercados de dinheiro ao qual poderiam comprar e manipular quem quisesse. - falei inconformado.

Ajudei Milena a levar os pratos e esperei ela sair da cozinha para eu agradecer a Luan por me defender.

- Luan? - chamei seu nome. Ele se virou com um olhar simples mas que estava estampado em seu rosto o nervosismo mas também a felicidade.

- Sim, Paulo? - ele perguntou.

O puxei para meus braços e lhe disse "muito obrigado". Suas bochechas estavam vermelhas de timidez e seu sorriso abria a cada olhada para mim.

- Não há de quê Paulo. Afinal somos amigos não é? Você me ajudou e eu lhe fiz o mesmo. - disse ele com formalidade.

Senti meu rosto desvanecer. Quando ele falou a palavra "amigos", achei que eu era algo a mais para ele... ou bom... queria ser. Mas vi que havia me precipitado e voltei a fazer os afazeres. Milena e eu arrumamos a casa enquanto Luan saiu com o cachorro ao qual não damos o nome ainda.

- Será Teiyi! - comentou Milena.

- Protesto! Será Lupin ou Balãozinho - disse eu.

Os dois riram da minhas sugestões de nomes.

- Será Santiago. Já imaginei esse nome! Seria legal dar esse nome a um cachorro. - falou Luan. Eu e Milena pensamos e concordamos com o nome do cachorro ser Santiago.

Hoje foi minha vez de acompanhar Santiago a um passeio na cidade. Estava frio então peguei meu casaco, mas de surpresa alguém veio também. Luan estava se arrumando para sair conosco. Fiquei bem animado e feliz por ele ter vindo.

- Como a cidade mudou não? - ele me disse numa voz meio rouca. Assenti com a cabeça e andamos até o centro da cidade com Santiago que estava com fome e sede. Fomos até o Pet Shop mais próximo e compramos um saco da melhor ração que custava 25,00 $ e alguns potes para cachorro. Não muito ao longe, víamos Mathias discutindo com um homem que parecia ser o Dr. Seixas, o pai dele.

(Ao longe)

- Preciso que o senhor o coloque ou melhor coloque eles atrás das grades! - falou irritado Mathias.

- Cale a boca! Você estava bêbado começou a briga com uma recaída por um garoto que nem sequer quer sua atenção! Me poupe Mathias! - berrou o Dr. Seixas.

Mathias saiu furioso da vista de seu pai e pegou seu carro e cantando pneu foi-se estrada afora. Quando chegamos eu e Luan contamos a Milly sobre Mathias e o pai do mesmo.

- É coerente que ele esteja assim! Quer prender vocês na cadeia por terem quebrado a cara dele! Mesmo o Mathias sendo um tremendo babaca e sexista ele tem poder pra fazer tal feito! - disse Milena preocupada.

- Ele está com raiva de mim pois não cedi suas vontades! Que nojo daquele embuste!! Nunca deveria ter me apaixonado por Mathias. - disse a mim mesmo sentindo acabado.

Luan sentou ao meu lado e encostou seu braço em minhas costas.

- Não é culpa sua. Você não sabia que Mathias era um babaca! Você achou que ele era simpático e bacana mas com o tempo você viu o outro lado da moeda. - disse Luan me consolando.

A noite caía no céu, e Milena foi até a casa de uma colega de classe resolver alguns problemas. Luan foi com ela e então fui dar um passeio noturno com Santiago. Parecia que a noite havia congelado mais do que o dia...

Num restaurante no meio da cidade, aquele vulto problemático apareceu e me viu com ódio. Mathias estava sentado com uma garota e num movimento rápido, a beijou. Foi um beijo quente, desesperado e com raiva. Nem sequer me fiz de sofrido, passei longe daquela cena tosca e fui pra casa. Quando cheguei, Milena estava chorando inconsolável, eu a abracei forte e a consolei em meus braços. Ela havia tomado um chá de camomila e erva cidreira e depois foi pra cama dormir. Estava exausta. Conversei com Luan sobre o ocorrido e ele me disse que a mãe de Milena, dona Marta havia falecido num acidente de carro. Abracei Luan e ficamos 5 minutos abraçados suportando a dor de um ente querido ter morrido. Mesmo que eu não tivesse convivido com Dona Marta ela era muito iluminada, sempre com muita amizade e gentileza. Fiquei triste por Milena ter perdido a mãe dela. O funeral aconteceu no cemitério de Alkin no interior da cidade de Soto. Várias pessoas foram prestar as últimas homenagens, e lá estava ela... Milena vestida de preto olhando para a cova de sua pobre mãe que se fora para outro plano espiritual. Depois de um longo tempo, o pai de Milena, o advogado Francisco Leigh veio prestar seu agradecimento a mim por ter deixado Milly passar uns dias em casa.

- Milena passou algum tempo com minha amada esposa, e... não teve tempo de se despedir dela. - disse o pai de Milena a mim.

- Deve ter sido muito doloroso para ela perder a mãe. Eu sinto muito, Sr. Leigh. - falei a ele que me deu um aperto de mão e um tapinha nas costas de pesar.

Milena quis passar o resto dos dias no chalé da família em Crosshaal, e então decidi voltar para casa. Luan resolveu vir passar comigo, o que é claro não recusei.

- Muito triste Milena ter passado por um sofrimento desses. - disse eu mexendo na caneca de café com leite que havia feito.

- Concordo totalmente. Espero que os dias lá no chalé em Crosshaal ajude ela. - disse Luan meio pensativo.

Ele se levantou, pegou uma toalha e foi tomar um banho, enquanto eu preparava o jantar. Depois de alguns minutos ele havia saído do banheiro e fui levar uma remessa de papel para o banheiro mas de repente, nossas bocas se tocaram num choque de timidez e alegria. Fui ao céu com o toque de sua boca macia, seu cheiro terno e cálido. Quando nos damos conta, saímos um diretamente da reta do outro e esperei ele se vestir para jantar. Não falamos nada sobre o assunto.

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