Fernanda
Uma vez o Truman Capote disse que Veneza era como comer uma caixa inteira de bombons de chocolate com licor de uma só vez e ele estava certo. Acho que ninguém deveria morrer sem conhecer Veneza. É tão difícil descrevê-la, tudo aqui parece surreal. Imagine uma cidade que não tem ruas com tráfegos de carros, e sim, canais onde navegam lanchas, e barcos que aqui são chamados de gôndolas.
Ônibus, ambulâncias, polícia, todo tipo de transporte conhecido em outros países, inclusive carros funerários, todos são feitos em barcos a vaporetto, uma embarcação típica de Veneza usada como transporte público nos canais da cidade, parece inacreditável eu sei, mas isso se deve ao fato de Veneza ser formada por ilhas na Laguna di Venezia e estar ligada ao Mar Adriático por três aberturas: Lido, Malamocco e Chioggia. A cidade apresenta 177 canais e 400 pontes distribuídas em 118 ilhas.
Passei os dias que antecederam a viagem lendo tudo o que encontrava sobre Veneza, foi uma ótima forma de distração já que o Alexandre resolveu simplesmente desaparecer desde aquela conversa fatídica em meu apartamento, eu não o procurei também, fiz melhor, ponderei uma série de estratégias para tentar quebrar aquela Muralha da China que ele tinha em volta de si.
O congresso foi marcado em um dos hotéis de luxo em Veneza, o mesmo que toda a equipe se hospedou. Minha função ali seria assessorar o Alexandre e mais dois acionistas da empresa, no avião fiquei sabendo que o objetivo principal da viagem era conquistar uma parceria para que fosse possível abrir uma filial em algum lugar da Itália, o mais incrível é que se tudo ocorresse como o planejado haveria uma série de promoções nos cargos de alguns dos empregados e uma grande chance de muitos se transferirem para trabalharem na nova filial.
Olhei-me mais uma vez no espelho e dei uma ajeitada no cabelo, o primeiro dia de reuniões começaria em alguns minutos no grande salão do hotel, coloquei um vestido cinza com altura um pouco acima do joelho e sem decotes, deixei meus cabelos soltos, calcei sandálias de salto e passei uma maquiagem bem leve. Peguei minhas pastas e saí do meu quarto torcendo para que tudo desse certo, inclusive os meus planos com o Sr. Alexandre.
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Cheio era uma palavra que não representava como o salão do congresso estava, aquilo ali parecia mais maracanã em dia de Fla-Flu. As cadeiras eram todas demarcadas para que as equipes ficassem juntas facilitando a comunicação durante o evento, não demorei em achar a fileira de cadeiras onde o pessoal da empresa estavam sentados, sorri confiante indo naquela direção, mas meu sorriso morreu em questão de segundos quando o vi.
Deveria ser proibido alguém ser tão bonito, melhor deveria ser proibido que homens como ele saíssem nas ruas. Eu tentava não me culpar por ter me apaixonado, duvido que outra em meu lugar não estivesse na mesma situação! Poxa o cara era lindo, quente e uma máquina ambulante de provocar orgasmos, mas sabe o pior de tudo isso? Não era só pelas fodas incríveis, existiam outras facetas naquele homem que eu havia aprendido a gostar durante os últimos meses.
Eu amava o jeito como ele me olhava, a ruga que formava em sua testa nos momentos de preocupação, seu cenho franzido quando estava com preguiça, sua firmeza nos negócios, seus raros sorrisos, o modo como ele fechava os olhos quando chegava ao clímax e o cafuné que ele fazia em minha cabeça quando achava que eu estava dormindo.
Sentei-me na única cadeira vaga que coincidentemente era entre ele e um diretor executivo da empresa.
- Bom dia. – cumprimentei todos, eles responderam e enfim me virei para frente esperando o anfitrião do congresso começar o cerimonial.
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Rendida - Degustação
ChickLitEsta obra ficou completa até 06/07/15 e foi retirada para uma revisão deixando alguns capítulos para degustação. Agradeço a todos que leram, votaram e comentaram. Agradeço também o carinho e paciência que tiveram com o Alexandre e a Nanda. Se a obr...