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Kat's POV

Quando acordo na manhã seguinte, nem consigo acreditar no que se passou. Aconteceu tudo tão depressa. Eu e o Ian acabámos, o Liam beijou-me e eu tive a minha primeira experiência sexual. Eu sei que o Liam tem namorada, mas ele disse que ia acabar com ela.

Quando chego à escola, o Liam está à minha espera encostado ao meu cacifo.

"Bom dia!" Sorrio, mas ele não retribui. "Está tudo bem?" Porque é que tenho a sensação de que me vou magoar?

"Precisamos de falar." Basta-me olhar para os seus olhos para perceber o que se passa.

"Pensei que ias acabar com ela."

"Eu ia, mas não consegui. Ao olhar para ela percebi o quanto gosto dela e não a quero perder. Contei-lhe o que se passou e ela perdoou-me." Outch...

"Fico feliz por ti, Liam."

"Desculpa, Kat... Eu nunca te quis magoar... O que fizemos ontem foi tão importante para ti e..."

"Está tudo bem, não te preocupes." Interrompo e dou-lhe o meu melhor sorriso. "Adeus, Liam." Dou-lhe um beijo na bochecha e vou embora. Está na hora de dizer adeus de vez.

Sinto as lágrimas a escorrerem-me pela cara, mas não me importa. Ergo a cabeço e sorrio, porque é sempre isso que eu faço quando me partem o coração.

Felizmente, não volto a ver o Liam durante o resto do dia. Assim que a minha última aula termina, vou para casa. No caminho, percebo que não quero entrar por aquela porta e relembrar tudo o que se passou ontem, por isso decido fazer um desvio. Acabo por encontrar uma pequena clareira com um lago, junto do qual está um chorão, a minha árvore favorita. À sua volta estão cinco rochas. Sento-me na que se encontra mais perto do lago e fico ali a olhar para o horizonte.

Depois de tudo aquilo, pensei mesmo que ele me escolhesse. Mas, quando penso em tudo o que passámos, percebo que talvez seja melhor assim. Já o tinha magoado antes, desta forma ele é feliz. E eu vou acabar por esquecer. A nossa história não passará de apenas mais uma boa memória. É assim que tem de ser. Rejeitei-o quando ele me queria e agora tenho de o deixar ser feliz. Ele gosta dela e ela gosta dele, ao ponto de o perdoar por ter estado comigo. Acho que isso diz muito. Por enquanto, isso não apaga a dor que sinto, mas sei que, quando menos esperar, tudo isto vai deixar de importar.

Quando chego a casa já são horas de jantar. Pouso a mala no sofá e dirijo-me à mesa. Durante a refeição, eu e os meus pais falamos sobre tudo um pouco. Eles perguntam como foi o meu dia e eu conto-lhes sobre o 16 que tive a literatura portuguesa e sobre o trabalho que tenho de fazer para linguística inglesa. Quando todos acabamos de comer, ajudo a levantar a mesa e pôr a louça na máquina. Depois aproveito para recolher a roupa do estendal e pôr roupa a lavar.

Já no meu quarto, tiro os cadernos da mala e espalho-os sobre a cama. Começo por fazer os trabalhos de inglês e acabo com os de literatura norte-americana. Depois de arrumar tudo, ligo o computador para ver um filme, mas não encontro nenhum que me apeteça ver por isso desligo o computador e vou ler. Ler é algo que nunca me cansa. É a minha coisa favorita em todo o mundo porque já percorri vidas e mundos sem nunca ter saído do meu quarto.

Mas hoje não está a resultar como eu precisava porque, ao ler esta história de amor, estou constantemente a lembrar-me do Liam. A pensar em como adoro quando ele sorri e baixa a cabeça quando está envergonhado, em como os seus olhos brilham quando o faço rir, ou quando ele me faz rir. E depois lembro-me que o perdi. Mas a culpa disto é minha. Éramos amigos e nunca devia ter passado disso.

Ainda consigo sentir o cheiro dele, está espalhado pelo quarto, impregnado nos lençóis e na minha memoria. Assim como tudo o que fizemos juntos aqui. As memórias são boas, mas relembrar magoa, porque sei que nunca vou ter mais. E pela primeira vez hoje, estou bem com isso. É assim que tem de ser. Não estamos destinados, nunca estivemos. Apenas tentámos algo que sabíamos desde o início que nunca poderia acontecer porque não ia resultar. Somos amigos, sempre fomos. Apenas amigos.

Pouso o livro na mesa de cabeceira, pego na almofada e aperto-a contra o peito, deixando o cheiro do Liam invadir todos os meus sentidos. Fecho os olhos e sinto as lágrimas a escorrem-me pela cara, mas preciso de chorar. Preciso de me despedir dele, o meu adeus.

Na manhã seguinte acordo ainda agarrada à almofada. Mas estou decidida a esquecê-lo. Olho para o relógio e ainda tenho tempo antes dos meus pais se levantarem por isso saio da cama e vou buscar lençóis lavados. Retiros os que têm o cheiro do Liam da cama, que mando para lavar, e coloco os outros. Depois dirijo-me para casa de banho para tomar um duche. É um novo dia.

Enrolo o cabelo numa toalha e outra à volta do corpo e volto para o quarto. São apenas 7:30h então tenho tempo para esticar o cabelo depois de o secar e ainda preparar panquecas para o pequeno-almoço depois de me vestir. Hoje decidi usar o vestido verde que comprei o mês passado. Não costumo usar vestidos durante o inverno, mas este faz-me sentir sexy e é exatamente isso que eu preciso hoje. Como o dia até está quente, junto o útil ao agradável.

Quando acabo de comer, lavo os dentes e vou acordar os meus pais para lhes dizer que o pequeno-almoço está na mesa e que vou sair mais cedo hoje. Depois pego nas minhas coisas e saio de casa. As minhas aulas só começam às 9h e são apenas 8:15h agora por isso aproveito para passar pela clareira antes de ir para a escola.

Esta sou eu. Mesmo com o coração partido, ergo-me novamente e renovo-me. Choro o que tenho a chorar, mas no dia seguinte ponho um sorriso na cara e é como se nada tivesse acontecido. É o que tenho feito a minha vida toda. Eventualmente as feridas fecham, mas a cicatriz fica lá. Estou cheia delas, mas só eu é que as vejo.

Depois de respirar ar puro, sinto-me renovada. O tempo passa tão rápido aqui. Sinto-me em paz, e não vou deixar que ninguém me tire isso. Não hoje.

Quando chego à escola, o Liam está ao portão com a namorada. Ele olha para mim e eu dou-lhe um sorriso breve, desviando o olhar logo em seguida. É assim que tem de ser, não há outra forma.

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⏰ Última atualização: Feb 09, 2020 ⏰

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