JOGO TENTADOR

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Olivia ajeitou a mecha do cabelo detrás da orelha, um gesto que revelava mais ansiedade do que preocupação com a aparência, embora tivesse tido bastante cuidado na escolha do vestido curto, num tecido leve e escuro, das sandálias de salto altíssimo e na delicada gargantilha de ouro à mostra no colo desnudo.

Sentiu um frio na barriga quando Taylor apoiou levemente a mão na lateral de sua cintura enquanto subiam pela escada do jatinho executivo que levava o nome do Grupo Hanson.

Acomodou-se na confortável poltrona de couro branco, de frente para ele, observando-o dar ordens às comissárias para que servissem o jantar assim que decolassem.

Nada na postura de Taylor demonstrava que sentia o mesmo turbilhão químico pelo corpo como acontecia com ela.

Havia autoconfiança nas atitudes dele. Um quê de naturalidade e domínio impregnava a personalidade do loiro e era como se ele fosse dono de todos os lugares pelos quais passava.

Um homem seguro de si, que não fosse um canalha, era um verdadeiro achado. Acontece que o beijo apaixonado seguido da fuga inexplicada deu a ela a impressão de que o empresário só podia ser bipolar.

O avião atingiu o auge da decolagem. Sentiu o coração parar. Era tanto medo que perdeu a fala. Olivia tinha pavor de voar, mesmo acostumada às longas viagens. Acontece que, naquele momento, temia mais os sentimentos que o CEO de olhos azuis despertava nela.

― Espero que goste da culinária alemã. ― Ela fez que sim lentamente com a cabeça, um tanto atordoada pela maneira como ele olhava-a toda, analisando-a com os olhos sérios. ― Acho que esse prato não será suficiente para aplacar a minha fome. ― A voz era baixa, com todos os tons de malícia. ― Qual é o tamanho da sua fome, Olivia?

Uma parte do seu corpo respondeu por ela. Talvez tenha sido delatada pelo brilho nos olhos, por um ricto no canto do lábio ou pela leve contração das pernas se fechando, uma cruzada sobre a outra. E, ao perceber o gesto, procurou manter a pose e fingir não vê-lo endereçar um olhar quente para o lugar protegido por suas pernas.

Antes que ela esboçasse uma resposta, ele se desvencilhou do cinto e, dando poucos passos, foi até o bar ao centro do avião.

― Bom, então... o que prefere beber?

A tua saliva ― cogitou responder.

― Vinho tinto. Seco. ― Respondeu pausadamente mal conseguindo disfarçar o nervosismo.

― Excelente escolha. Tenho algo que combinará muito bem com o cardápio.

Tudo em Taylor era sofisticado, a aparência de homem limpo e viril, a barba bem feita, os olhos incrivelmente azuis, os lábios sensuais, a beleza agressiva dos traços faciais marcantes. Ele sabia tirar proveito da própria beleza, do tom grave da voz, do modo como mexia o corpo grande e forte e do jeito como a olhava, às vezes, eroticamente terno, outras, com ardor e obscena malícia.

Antes de deixar escapar boca afora que o achava bonito e sexy, a aeromoça retornou com o jantar.

Liv não deixou de reparar que todos os funcionários que trabalhavam na aeronave eram mulheres. E eram belíssimas. Uma luzinha vermelha se acendeu no fundo do seu cérebro, o que a deixou ainda mais curiosa sobre ele.

― O que exatamente você faz? ― Tentou ignorar o fato de que estava no jatinho particular de um completo desconhecido.

― Eu compro empresas.

Viu-o sentar-se calmamente após lhe servir a bebida. Olhou satisfeito para o banquete que era servido na mesa de centro da luxuosa aeronave. Depois fez um gesto com a mão, fazendo com que a aeromoça se retirasse imeditamente, dando mais privacidade ao casal.

QUANDO VOCÊ ME TOCA (EM PAUSA)Onde histórias criam vida. Descubra agora