DOCE INFERNO

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A grande parte das cidades suíças é emoldurada pelos Alpes e rodeada de natureza, o que faz o país ser conhecido pelas incríveis paisagens, muitas delas comparadas às encontradas em contos de fadas.

E era exatamente assim que Olivia se sentia ao chegar ao luxuoso hotel cinco estrelas, que mais parecia um palácio medieval, no centro da capital Berna. Estava vivendo um conto de fadas com um CEO loiro, dos olhos azuis, a beleza digna dos príncipes das histórias infantis. A diferença era que ele não lhe parecia tão inocente.

A suíte presidencial possuia apenas uma cama, gigantesca cama, mas ainda assim apenas uma. Olivia tentava em vão controlar a tremedeira, o medo, a ansiedade e, por fim, a expectativa. O desejo a blindava contra os gritos de sua voz interior. As palavras mais sensatas não a alcançavam, e só o que ela imaginava era como seria ser carregada nos braços do CEO para depois ser jogada naquela cama.

Sentiu-o bem atrás de si — não apenas o cheiro amadeirado da colônia masculina, como também a tepidez que emanava de sua pele.

Caminhou até a porta de vidro que dava acesso à imensa varanda com vista para as águas verde-esmeralda do rio Aar. Era uma linda cor, embora perdesse o brilho diante do azul claríssimo dos olhos que a acompanhavam em cada movimento. Por Deus, sentia-se como uma menininha indefesa. Precisava de ar. Precisava clarear os pensamentos, voltar à racionalidade que Taylor havia lhe roubado.

Ele veio de mansinho até ela, perfeito na sua seriedade avaliativa, talvez captando no ar a sua emoção tão cheia de angústia.

― A reunião deve ser breve. Quero que se sinta confortável. Deixarei meu motorista e o meu cartão de crédito à disposição, caso queira fazer compras na cidade.

― Não será necessário.

― Eu insisto. Você é minha convidada especial, senhorita Scott.

― Vim para desfrutar de sua companhia e não do seu dinheiro.

Viu-o estreitar as pálpebras como se a analisasse detidamente e alguma informação lhe escapasse ao entendimento.

Estendeu a mão para lhe acariciar a face, mas ele recuou, tomando-a no pulso.

No instante seguinte Taylor a puxou para si pela cintura, firmou-lhe a nuca com a mão em garra e meteu os olhos azuis nos dela.

― Sinto que você é confiável. ― mentiu, a voz de anjo ― Por isso, estou lhe oferencendo os dois.

Ela endereçou-lhe um sorriso de canto de boca tão charmoso, tão incrivelmente charmoso que ele se odiou por achá-la atraente.

― Não posso me atrasar para a reunião, minha querida.

Largou-a como se tivesse levado um choque ou se punisse por ter quase a beijado.

Olivia ajeitou-se no vestido com as mãos trêmulas e a respiração ainda acelerada, o rosto quente, avermelhado.

Viu-o sair da sacada e deixá-la sozinha mais uma vez. Ouviu o barulho da porta e dos socos que o seu coração dava nas costelas.

Taylor começou a zanzar pela sala de reunião feito uma fera enjaulada, os cabelos para todos os lados, os dedos pressionando a própria nuca. Olhava para o chão, para a imensa janela de vidro, para a escuridão que seria o resto da sua vida.

Como iria conquistá-la sem ao menos ser capaz de tocá-la? Precisava vencer a barreira que o separava de cumprir o seu plano com perfeição.

Não gostava dela nem um pouco. Na verdade, odiava aquela mulher. E a consciência de que se sentia atraído por ela, o fazia odiá-la ainda mais. Mas a intenção de uma vingança era essa mesma: a de destruir quem se odiava, esmagar o inimigo sem dó nem piedade.

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⏰ Última atualização: Mar 08, 2020 ⏰

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