- Lucca pega o seu casaco de volta! - Disse Cice entregando rapidamente para ele.
- Mas porque? Você não estava com frio?
- Como pode pensar em mim, quando VOCÊ corre o risco maior aqui?! Estamos cercados por coméias!
- Cice tem razão! Pega o meu também! E cobre a cabeça! - Ordenei.
Dessa vez Lucca obedeceu sem pestanejar.
- Ah, eu trouxe um isqueiro! O fogo vai manter elas longe! - Lucca buscou o objeto no bolso da calça folgada.
- Sim mas temos que ser discretos, também pode chamar a atenção do monstro!
Ele pegou uma vara grossa e seca que estava por perto e acendeu a ponta, fazendo uma tocha improvisada. Eu a peguei da mão dele já que sua mão direita estava ardendo por conta da alergia.
- Fiquem juntos! - Eu disse assumindo o papel de guia e continuamos seguindo a trilha. Andamos um pouco mais.
Foi então que, novamente, as coisas pioraram. Quando uma brisa começou e foi seguida por outras, nossa tocha não permanecia acesa, eu a ia acendendo sempre que se apagava. Cice vinha logo atrás com a lanterna de Lucca mirando as árvores e os arredores buscando alguma parte que estivesse livre das abelhas.
- Toni! - Eu arrisquei gritar, embora ainda temesse que monstro estivesse por perto. Mas quando ele estava era fácil perceber, pelo cheiro, ele exalava um cheiro terrível, um odor indescritível que só podia ser nomeado como cheiro de morte.
Lucca estava empacotado. Usava a minha jaqueta para cobrir sua cabeça e a dele para cobrir os braços e as mãos e estava de calça comprida. O único lugar que estava vulnerável eram seus pés, e foi justamente, na hora em que paramos em uma parte da trilha com dois caminhos para analisar qual seguir, que uma abelha idiota resolveu ferra-lo.
Ele pulou de dor, em seguida sentou no chão e usou o tecido do casaco para remover logo o ferrão. Cice focou na picada. Ele gemeu de dor de um jeito menos dramático possível, não queria que pensássemos que ele era mole ou coisa assim, mas tenho certeza que estava sentindo muita dor, principalmente porque seu pé começou a inchar.
Uma abelha vôou perto da minha orelha e eu me sacudi para espantá-la nessa hora o ferrão dela pegou no meu ombro.
- Droga! - O local começou a formigar. A dor era mil vezes pior que levar uma injeção, minha mão formigava a cada passo que o veneno da abelha penetrava no meu sangue. Meu ombro ficou dormente.
- Vamos sair daqui! - Eu disse gemendo.
Àquela altura minha jaqueta protetora já tinha caído da cabeça do Lucca então outra abelha maldita enterrou seu esporão no pescoço dele perto do maxilar.
- Aaaaah! - Dessa vez ele gritou com o susto e a dor.
- Cice! Vamos tirar o Lucca daqui!
A tocha havia se apagado e eu a larguei. Cobri a cabeça dele novamente e ela me ajudou a levantá-lo. Continuamos nosso caminho pela trilha da direita, o mais rápido que podíamos. Temi que mais para frente o caminho estivesse pior mas não podíamos voltar já que daria na mesma. Lucca gemia a cada passo manco que dávamos.
- Vamos conseguir, vamos conseguir! - Eu repetia acelerando o passo. Lucca era um garoto alto e muito pesado.
Então Lucca caiu de joelhos e eu vi que seu rosto pálido estava vermelho e inchando e ele respirava com dificuldade.
- Meu Deus! - Cice estava apavorada.
Levantamos ele de novo e continuamos. Lucca tossia e respirava de forma ofegante e sufocado. Tanto a parte superior quanto inferior de seus olhos estavam inchados, acho que ele mal enxergava.
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A Lenda do Acampamento
AdventureNa última noite de um acampamento escolar, Isa e um grupo de adolescentes, contrariando as regras, decidem entrar na floresta que cerca o local com o objetivo de encontrar a recompensa valiosa de uma lenda. Porém, a lenda também diz que há uma criat...