Meu coração batia forte a cada passo curto que meus amigos davam para mais perto do monstro.
- "Sempre juntos" - Sussurrei.
- O que você disse? - Toni perguntou.
- NÃO! EU NÃO VOU EMBORA!
Não dei tempo para ele respirar. Eu corri a toda velocidade na direção do Lucas e me lancei com força sobre ele, derrubando-o de uma vez no chão, como aqueles jogadores de futebol americano dos filmes. Em seguida me levantei rápido e fiz o mesmo com Cice. O mostro se enfureceu e deu um rugido alto e estrondoso mas ele parecia enfraquecido. Ele veio na minha direção para abocanhar nós duas caídas na terra com seus dentes tortos como de tubarão. Cice ainda estava em transe.
"Ele se alimenta de medo."
Meu coração faltava sair pela boca, mas eu resistiria ao medo!
- Não tenho medo de você! - Gritei. Uma meia verdade. Eu tinha medo mas também disposição para resistir até o fim.
Ele estava perto demais para qualquer tentativa de correr.
- Pode vir seu imundo! - Eu o desafiei.
Quando ele abriu o bocão para rugir outra vez, senti seu hálito fedorento a carniça e respingos de baba gosmenta caíram em mim. Quase fiquei surda com o som feroz. Fechei meus olhos torcendo para que algo o impedisse.
Então o monstro caiu no chão como se tivesse doente, ele estava fraco demais para nos abocanhar. Ele era grande e gordo, parecia não suportar o próprio peso. Se arrastou contudo não tinha forças para fazer mais do que isso.
"Funcionou!" pensei maravilhada.
Aproveitei a deixa. Eu coloquei o braço de Cice ao redor do meu pescoço e à arrastei com toda a força que consegui. Ela ainda estava hipnotizada mas não tinha resistência.
- Acorda Cice! - Eu ia dizendo enquanto a arrastava para longe da criatura. - Acorda!
O monstro gemia para nós, como se isso nos impedisse de fugir.
Então, quando eu achei que ia conseguir, o Toni nos empurrou com violência e caímos perto da margem do riacho. Bati minha cabeça numa rocha o que me deu uma dor latejante. Gemi de dor, minha visão ficou embaçada e achei que via o mundo em câmera lenta. Toquei no local onde estava o ferimento e vi uma mancha escura e vermelha nos meus dedos pálidos. Sangue.
- SUA IDIOTA! - Toni bufou irado. Ele parecia enlouquecido, um louco do hospício. Tive medo. - EU TAVA TE SALVANDO! ERA PRA VOCÊ FUGIR!
Minha visão se normalizou, então notei que, diante dos meus olhos, tinha um crânio pequeno e vários ossos antigos. Restos mortais de uma vítima ou de vítimas. Eu gritei assustada.
O monstro fez um barulho ganhando vida de novo. Deu passos lentos e arrastados com dificuldade em nossa direção, como se tivesse recuperando suas forças.
Toni me agarrou pelo colarinho e me botou de pé de maneira bruta. Ele colocou as mãos grandes no meu pescoço para me impedir de fugir.
- AGORA VOCÊ VAI MORRER POR ISSO! - Ele disse com o rosto à centímetros do meu.
- Não!
O garoto olhou para o monstro, depois olhou para mim e deu um sorriso perverso.
Me debati tentando me soltar dele. Toni continuou seu discurso cruel:
- SIM! VOCÊ VAI SER A PRIMEIRA A MORRER! E NINGUÉM NUNCA VAI TE ENCONTRAR! - Ele riu. - E DEPOIS VAI SER A VEZ DOS SEUS AMIGOS IDIOTAS! - mais riso. - ELES VÃO... - Toni não terminou a frase porque recebeu um soco bem dado vindo de Lucas que tinha acordado do transe.
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A Lenda do Acampamento
AdventureNa última noite de um acampamento escolar, Isa e um grupo de adolescentes, contrariando as regras, decidem entrar na floresta que cerca o local com o objetivo de encontrar a recompensa valiosa de uma lenda. Porém, a lenda também diz que há uma criat...