"Fingir ser aquilo que não é só te complica, um dia você vai esquecer qual papel tem que interpretar e isso não será bom"
As palavras de Jesen dançam em minha mente enquanto retiro minhas coisas da minha antiga mesa e as coloco em uma caixa.
- O que aconteceu ? Bart está soltando fumaça pelos ouvidos. - Anna pergunta entrando em minha antiga sala, ela entrou sem bater novamente e isso só faz minha raiva aumentar.
- A sua única preocupação agora srt. Anderson deveria ser em procurar um novo emprego, não com aquilo que não é da sua conta. - Digo para minha ex secretaria e saio da sala com a caixa em mãos.
Já é o segundo emprego em menos de três anos, isso não é bom. Não estou mais no controle e isso me desequilibra de uma forma inimaginável. Controle é tudo que eu tenho, é tudo que eu sou.
Ao passar pela recepção vejo o sr Edmond meu ex chefe, por Deus quem dá ao filho o nome de Bart Edmond ? Alguém que o cria como o demônio que é. Bart é jovem tem apenas 36 anos, mas age como se fosse um adolescente com 17. É o CEO da FP technology, meu antigo local de trabalho. É bonito visualmente deve ter 1,85 pós é alguns centímetros mais alto que eu quando estou de salto, cabelos loiros escuros e olhos castanhos. Mas sua beleza só vai até a fisionomia mesmo.
- Irei acabar com você Savanna. - Bart diz ao segurar meu braço, olho ao redor e percebo que a poucas pessoas, e isso me faz respirar fundo para não quebrar seu nariz.
- Minhas palavras mais cedo não lhe fizeram entender ? - Pergunto sarcasticamente puxando novamente meu braço e tendo que me equilibrar para não derrubar a caixa que carrego em mãos. - A sua capacidade de demonstrar poder ou de comandar algo é tão grande quanto ao que você carrega entre pernas e chama de pênis, minúscula, Sr Edmond faça um favor a você mesmo, me esqueça e cresça. - digo virando as costas e saindo do enorme prédio localizado no centro do Bronx.
Peço um táxi e olho no relógio ainda são 16:00 pm, Eliza não estará em casa quando chegar e isso me irrita ainda mais. Quando chego em meu prédio percebo que terei de me mudar novamente, e não por que quero mas por circunstâncias ao meu redor, isso me irrita, droga. Tudo me irrita. Conspiração do universo creio eu.
Entro e deixo a caixa em cima da ilha da cozinha, observo ao redor e percebo gato se aproximando. Gato tem esse nome simplesmente por não ter nome, o ganhei de presente aos meus 14 anos e sendo fã de Hepburn disse que lhe daria um nome quando encontrasse um local para chamar de lar, isso já faz 11 anos.
Retiro meu vestido ficando apenas de langerie e procuro o Bourbon, sou mais adepta a vinhos, entretanto a ocasião de hoje merece algo mais forte, conecto meu celular aos autos falantes da sala e logo "Tainted love" explode ao meu redor, sento em uma poltrona com o copo de uísque na mão e depósito a garrafa na mesinha ao lado, observo atentamente o local ao qual passei 8 meses da minha vida, um apartamento padrão de classe alta, decorado ridiculamente em cores de tons vivos, como se algo aqui estivesse vivo, duvido.
Me levanto e busco um cigarro voltando para a mesma poltrona e me sentando da mesma forma, acendo e inspiro a fumaça e sinto um pouco da tensão do meu corpo ir. Meus pensamentos voam para os acontecimentos desta manhã, a forma arrogante como Bart tentava demonstrar poder durante a reunião com os acionistas, exagerando drasticamente sobre o capital. Idiota, bufo ao lembrar do momento que sai da minha farsa e agi como eu mesma, e droga não poderia ser pior. Os olhares assustados quando elevei meu tom de voz, a expressão assustada de Bart quando o pus em seu lugar, cheguei ao meu limite e simplesmente esqueci de quem deveria ser, esqueci de como tenho de ser, eu simplesmente esqueci de quem estava no controle. Mas lembrar do toque asqueroso de Bart não faz me arrepender de absolutamente nada.
Sinto a ardência quando me queimo com o cigarro, a ironia da dor, solto uma risada baixa ao passar a mão em meu pulso e sentir a elevação que algumas queimaduras de cigarro deixaram e gargalho alto ao imaginar o rosto de Max caso visse me comportando desta forma. A dor que sentiria. Meu corpo se arrepia.
Meus pensamentos se esvaem quando ouço a porta destrancar e Eliza adrentar com um sorriso no rosto, seu sorriso se vai quando percebe o som ao redor e minha presença na sala. Observo o relógio e constato que já são 5:15 pm.
- Tsc, tsc. Está 15 minutos atrasada Eliza, e isso me decepciona. - Digo virando o resto do meu uísque e sinto descer queimando, ah, doce ardência.
O corpo de Eliza todo se retrai, ela sabe o que acontecerá e sabe que não será bom para ela, pelo menos não para ela. Observo seu cabelo claro na altura dos ombros seus olhos verdes assustados, seu corpo esguio em uma calça jeans justa e uma blusa de seda branca com um pequeno decote mostrando o início dos seus seios e isso me excita, o contraste do branco com sua pele morena é uma ótima combinação. Adoro quando ela usa branco, me lembra algo angelical, algo doce, completamente o meu oposto.
- Sava... desculpe senhora. - Eliza diz e abaixa sua cabeça e enlaça suas mãos a frente o corpo, oh querida tão submissa.
- Tens 15 minutos para estar no quarto, e tenha em mente que sofrerá consequência por seu atraso Eliza. - Digo e encho novamente meu copo.
Eliza apenas assente e sai em direção ao corredor, sei muito bem que não estou na melhor condição para isso, mas não ligo, preciso sentir algo, e por mais sujo que pareça isso é a única coisa real. Amor? Apenas uma palavra, um estágio temporário de demência. Dor, algo real, concreto, e se aplicado de forma correta duradouro. E é tudo que consigo sentir, dor.
Me levanto após virar novamente meu copo e me sinto mais leve, mas não é disso que preciso, não será uma noite de porre que me fará sentir melhor, passo a lingua em meus lábios ao imaginar o gosto de Eliza. Oh sim, tão doce quanto parece.
Passo minhas unhas na parede enquanto caminho lentamente em direção ao quarto, minha intimidade já está úmida por antecipação. Adrentro o quarto e Eliza já está em sua posição ajoelhada ao lado da cama seus cabelos presos e não utiliza nada para tampar sua nudez, exatamente como a ensinei.
Minha mente gira, meu corpo corresponde ando automaticamente ao armário negro ao lado da cama e escolho com o que Eliza será punida.
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XEQUE MATE
ChickLitTodos possuem segredos a diferença é que o de alguns ainda sangra de outros não. Todos doem, todos são marcas. O quanto o passado de alguém pode pesar no presente, quanta dor alguém é capaz de aguentar ?