Prólogo

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No grande castelo os preparativos para o casamento estavam a mil, uma correria incansável por todos os lados, sereias e tritões faziam o possível para terminar tudo em tempo, mas ainda haviam muitas coisas para organizar. 

No salão real, a rainha parecia apreensiva e preocupada, nadava de um lado para o outro dando ordens para os criados e checando se tudo estava em seu devido lugar.

— Não coloque estas conchas aí, elas devem decorar aquela outra mesa... — ela dizia impaciente para uma criada que passava em sua frente com uma grande concha branca com leves tons em cor de rosa. — Os convidados entrarão por aquela porta, vocês não pode colocar isso aí, pelo amor dos Deuses... — mais uma vez aborrecia-se com duas criadas que carregavam uma enorme mesa dourada com detalhes de conchas entalhadas minuciosamente ao redor da mesa e em seus pés.

A decoração do "grande casamento", como os súditos chamavam, era toda em tons cor de rosa, branco e dourado, e foram escolhidas pela noiva e pela Rainha, ambas conseguiam se entender perfeitamente no quesito decoração.

Enquanto isso, o Rei estava completamente despreocupado em seu quarto, olhava da janela toda a cidade de Aquorus e sentia-se muito orgulhoso de tudo que havia conquistado e tudo que havia construído, ele sabia que jamais teria sido um bom Rei se seu pai não o tivesse instruído tão bem, e pelos mesmos motivos ele havia repassado tudo que tinha aprendido aos seus filhos, para que eles pudessem ser tão bons quanto ele fora para seu povo, quando a hora deles chegasse.

***

Havia uma floresta de algas que ficava um pouco afastada do castelo, onde namorados e amantes costumavam se encontrar sem ser vistos por ninguém.

Uma sereia esguia e de longos cabelos negros estava na entrada da floresta esperando por alguém, sua pele era muito clara e seus olhos eram tão negros quanto a noite. Sozinha e apreensiva, ela já estava esperando há alguns minutos, até que surge um jovem tritão, loiro e encorpado, seus olhos azuis podiam ser vistos de longe, e ela logo abriu um sorriso.

Quando ele chegou mais perto, ela pode ver a expressão de preocupação que tomava conta do rosto dele, ela já podia imaginar o motivo e isso lhe causou uma leve pontada no estômago., fazendo com que ela desmanchasse o sorriso na mesma hora.

— Por favor... — ela disse com a voz chorosa e olhando nos olhos do rapaz. — Me diga que você conseguiu adiar o casamento. — continuou, mas ao olhar a expressão no rosto dele, ela soube qual seria resposta. O rapaz se aproximou e deu um beijo suave nos lábios da sereia, um beijo terno e cheio de vontade, mas ela logo afastou-se.

— Eu não sei o que fazer, não consegui adiar o casamento, e mesmo que conseguisse... — ele disse e fez uma pausa, buscando as palavras certas. — Não posso abandonar meu povo, depois de tudo que aprendi com meu pai, isso seria errado. — concluiu e ele viu a sereia fazer uma expressão de tristeza, ele sentia uma enorme pontada em seu coração ao ver que estava magoando-a.

— Então você não ia realmente fugir comigo, não é mesmo? Mesmo que tivesse a oportunidade, não o faria... — ela fez uma pausa e fechou os olhos. — Como pude ser tão idiota? — perguntou-se.

— Por favor, se coloque em meu lugar... — ele começou a falar, mas percebeu que ela não estava mais escutando nenhuma palavra, absorta em seus pensamentos. — Por favor me escute, eu amo você, amo mais do que qualquer outra coisa, você é tudo pra mim... 

— Não eu não sou, se você realmente me amasse, fugiria comigo agora mesmo. — falou chorosa e olhando para as algas atrás dela, viu que um casal passava a todo vapor lá dentro da floresta, fazendo com que um flashback passasse em sua cabeça, depois voltou a olhar para o jovem tritão em sua frente. — Eu sei que o casamento é só amanhã, se você quiser, podemos ir embora ainda hoje, quando escurecer... — ela dizia com um fundo de esperança na voz, quando foi interrompida.

— Porque não ficamos, Marta? Podemos fazer dar certo, sabe, eu vou casar mas podemos nos encontrar de vez em quando. — quando ele disse isso viu a garota abaixar a cabeça, ele sabia que a proposta era completamente indecente e que ela não merecia isso.

— Eu jamais aceitaria isso, Ásgeir, não vou ser sua segunda esposa! — disse com a voz firme e uma expressão séria no rosto. Fez uma pausa tentando digerir o que acabara de lhe ser proposto, era simplesmente ridículo ele sequer pensar nesta hipótese. 

Quando percebeu que a noite se aproximava e que a água estava ficando mais fria, decidiu que era a hora de contar a verdade à ele. 

— Eu estou grávida, Vossa Alteza. — ela disse firmemente e viu o rosto do príncipe perder toda a sua cor, ele ficou imóvel como uma estátua. — Grávida do senhor. 

Serena - Livro II Where stories live. Discover now