This Charming Man {seho/hunho}

1

Verão; 1992.

      Aquele lugar parecia com o inferno. Não literalmente, se literalmente pudesse ser aplicado com tudo que Sehun havia ouvido na igreja semana passada quando acompanhou a mãe na missa, mas de modo que ele nem mesmo sabia o que estava fazendo ali. Desde que entrou no carro de Park Chanyeol, um dos garotos do time da escola que seu amigo jurava amor eterno naquele mês, acompanhado do animado Barkhyun e Jackson, amigo de Chanyeol, a coisa toda parecia fora de controle. Ele não queria estar ali, pois o lugar todo fedia a bebida e cigarros, a mãe ficaria uma arara quando soubesse. E também, lugares como aquele não eram lá seus favoritos. Sehun odiava grandes multidões quase tanto como odiava missas de domingo. Era igualmente chato, constrangedor e desconfortável, pelo menos para ele.

     Uma banda tocava no palco improvisado. Não era grande coisa, mas os rapazes também não eram um poço de talento. O vocalista praticamente guinchava cada letra como um cão se afogando, ele parecia o pai de alguém afundado na merda de uma vida decadente, mas estava feliz enquanto algumas pessoas aleatórias balançavam suas mãos junto com a música. Nem todo mundo estava prestando atenção, a maioria se dividia entre o bar e o beco do lado fora com cigarros de maconha. Segurando uma cerveja pela metade nas pontas dos dedos, Sehun acompanhava tudo no mezanino de aparência decadente, se perguntando qual era a probabilidade daquela coisa metálica vir abaixo e ele se ver de cara no chão imundo? No relógio de pulso eram quase 22:45. A mãe pensava que ele estava se preparando para dormir no colchão inflável que os Byun guardavam no porão, pois Baekhyun prometeu que eles não ficariam acordadas depois de assistir a fita que o pai dele conseguiu de De Volta Para o Futuro. A pobre senhora Oh ficou mais que feliz que seu filho estivesse indo dormir na casa do amigo, talvez ela pensasse que Sehun estava superando a separação dos pais que fazia menos de dois meses. Para a infelicidade de todos, ele já tinha superado desde muito antes deles pensarem em separar seus bens pessoais e ainda assim doía sempre que passava pelos porta retratos no corredor.

     Não precisou virar o rosto para saber que tinha companhia. Jackson Wang estava parado ao seu lado, com seu orgulhosa jaqueta de atleta, rosto adolescente cheio de esperanças e um cigarro ao qual não tinha fumado entre os dedos.

     Ele não era nenhuma idiota, sabia que Wang estava tentando impressioná-lo a noite inteira. No carro, tentava puxar assunto o tempo inteiro sobre os bottons na jaqueta jeans três números maiores do garoto mais jovem. Ou então se exibia sobre estar escalado para jogar nas finais, ao que Chanyeol respondia com um soco para o ar é um palavrão aleatório. Seria maldade dizer que ele parecia tão sem graça? Tudo bem, ele foi gentil com os dois rapazes mais novos o tempo inteiro e não era de se jogar fora, sua mãe adoraria recebê-lo para jantar em casa, mas sabe aquela sensação de estar prestes a adquirir uma tranqueira? Pois ele se perguntava os prós e contras de corresponder às investidas daquele garoto.

      Prós: Ele era bonito, com seus cabelos negros no mesmo tom dos olhos, rosto liso e corpo atlético. Ele lhe comprou cerveja. No carro, não tentou tocar sua perna como um maldito idiota e manteve a distância segura de um corpo.

      Contras: Ele frequentava as missas também, ao lado de seus pais e irmãos, e fechava os olhos para orar –não que ele tivesse algo contra sua religião, mas se tivesse mais uma pessoa implorando para que ele acompanhasse os sermões machistas, homofóbicos e racistas do Padre Elis iria se enforcar com os cadarços do próprio tênis. Ele era um maldito clichê adolescente também. E apoiava os americanos na matança generalizada de norte coreanos nas trincheiras.

     O que ele tinha contra Jackson? Absolutamente nada. Mas só por isso aquele garoto se tornava uma escolha para beijar?

      Logo a cidade toda ficaria sabendo e sua mãe não sairia de seu pé, falando o quanto aquele garoto era perfeito para ele e o sonho que sempre havia tido para seu genro –deoois que descobriu que, muito provavelmente, não teria uma nora. Garotos assim não dão em árvore, Hun. Então Wang estava fora dos planos. Permanentemente.