This Charming Man {seho/hunho}

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Duas longas semanas depois, ainda no verão, ainda em 1992.

       Parece ridículo admitir algo assim, mas Sehun preferia matar as aulas não obrigatórias de religião dentro do banheiro masculino da ala oeste do que sair do prédio da escola como a maioria dos outros alunos fazia. Simplesmente não valia o esforço, desde que era preciso subornar o inspetor de corredores para conseguir um passe. Talvez o Oh fosse um tantinho preguiçoso, mas ele continuava com essa coisa de matar aulas dentro do banheiro esquecido na ala oeste. 

        Por sorte, Baekhyun não se importava em ficar com ele dentro do banheiro, já que era o único momento em que eles podiam falar qualquer coisa sem ter que se preocupar com a irmã mais nova do Byun (ou a mãe de Sehun, ele admitia com vergonha) escutando suas conversas atrás da porta. O garoto ligeiramente mais baixo, vestindo todo o uniforme impecável da escola (a camisa de botão branca, o blazer azul caneta e uma calça social horrorosa em tom escuro) pintava as unhas dos pés com um esmalte incolor, perto da janela estilo vitral de igreja, com um grande dragão cuspindo fogo. Sehun se perguntava secretamente qual a motivação de Baekhyun em sempre ser o oposto do que seus pais queriam que ele fosse.

        Quer dizer, ele sabia perfeitamente a motivação, ele queria ser quem era, mas não sabia onde ele encontrava coragem.

        Oh Sehun não era corajoso o suficiente nem para dizer abertamente que gostava de garotos. Claro, ele havia conversado com sua mãe e ela se mostrou conformada, era claro como água que ela queria uma nora, mas aprendeu a respeitar que seu filho gostava mais do gênero oposto. Mas fora a senhora Oh e Baekhyun, ninguém entendia bem qual era a de Sehun.

        Baekhyun, no entanto, era algo totalmente diferente dele. Seus pais eram pouco compreensivos com a diversidade, tinham uma opinião formada sobre tudo e todos, mas o primogênito da família estava destinado a trilhar caminhos bem diferentes dos que foram sonhados para ele quando era apenas uma ideia na cabeça de dois adultos apaixonados. Primeiramente, Byun não era bom aluno, nem mesmo tinha uma frequência boa; segundo, ele se recusava a vestir qualquer coisa que ele mesmo não tivesse escolhido, o que acabava deixando sua mãe em maus lençóis na maioria das vezes; terceiro, o rapaz não se importava com quantas pessoas pudessem julgá-lo em uma sala, ele não tinha medo de abrir a boca e dizer na cara de alguém "Você está errado!"; e quarto, mas não menos importante, ele era assumidamente gay. Bom, se você perguntasse, Byun diria que era 75% gay, porque poucas pessoas sabem exatamente e com toda certeza do mundo sua própria sexualidade até os oitenta anos.

        Enquanto pensava no quanto o Byun era uma inspiração para si, continuava resolvendo algumas questões de matemática em seu caderno, adiantando o dever que foi passado naquele mesmo dia. Sehun odiava levar "trabalho para casa", e se tinha tempo de fazer antes então simplesmente fazia.

        —Nós recebemos um convite bem legal para uma festinha no fim de semana. –Baekhyun disse, assoprando sua unha do dedo mindinho desinteressadamente. Claro, ele devia estar explodindo por dentro e Sehun ainda não entendia direito o motivo de estar fingindo tanto. —Você pode dizer para sua mãe que vai dormir lá em casa, meus pais vão sair para um jantar e Baekhee vai ficar na casa da vovó, então ninguém vai saber que saímos.

        —Legal, foi uma porra pular o muro e entrar na sua casa pela janela da cozinha. –Sehun continuou com seus cálculos, também mantendo o desinteresse. Ele ainda tinha um arranhão na perna por causa do muro de pedra dos Byun.

        Baekhyun olhou para ele, a luz do sol refletindo nos vitrais vermelhos e iluminando seu rosto pálido. Ele tinha aquele sorrisinho trapaceiro nos lábios finos e um olhar afiado, provavelmente o motivo de tanto mistério não seria de total agrado do Oh.