Por trás da porta - Evansson.

O recomeço

    Scarlett descia as malas do carro da amiga, pelo tanto de bagagem era fácil se acreditar que ao invés de uma férias de verão, Elizabeth estava indo morar de novo ali. Quando aceitou a viagem com a amiga não imaginou que seria assim, pensou que dessa vez conseguiria esquecer os problemas que lhe viam a assombrar desde a morte dos pais. Há sim, essa história, maldito acontecimento que dilacerou seu coração e a deixou com descobertas horríveis.
    Já fazia quase um ano da morte dos pais e seis desde que descobriu os maus lençóis em que estava passando, ela de fato não estava tão ligada as dívidas que a família contraiu, mas o sobrenome que ela carregava sim. Esse foi um dos motivos pelo qual aceitou esses meses de viagem com a amiga, poderia pensar um pouco e quem sabe até encontrar um jeito de resolver sua vida.

  — Muito trabalho aí? - Elizabeth perguntou surgindo ao lado seu lado, estava tão presa em seus pensamentos que nem notou quando amiga se aproximou e levou algumas malas para o elevador. Balançou a cabeça afastando tais pensamentos e abriu um sorriso na direção da amiga.

  — Estava só imaginando porque trouxe tantas malas pra quem só vai passar sei lá, dois meses? - Respondeu arrancando uma risada da outra, aproveitou o momento para levar as últimas malas para o elevador sendo seguida pela amiga.

  — É apenas preparo Johansson, sabe como eu sou previnida. Nunca se sabe quando vai encontrar o amor da sua vida, imagina se ele está aqui e eu esbarro com ele vestindo esses trapos? Eu ficaria solteira o resto da vida. - Elizabeth respondeu enquanto a amiga revirava os olhos, entraram as duas no elevador espremidas no meio de tantas malas da morena, enquanto suas eram apenas duas alem da de mão com coisas de higiene pessoal. Saíram do elevador e por sorte encontraram no caminho um rapaz que ajudou as duas a levar toda a bagagem até a porta do apartamento, Scarlett bem que notou um certo clima da amiga para com o homem, mas que foi dissipado no momento em que notou a aliança dourada pousada em sua mão esquerda.

  — Definitivamente aquele não era sua alma gêmea. - A loira brincou recebendo um cutucão da morena assim que entraram dentro do apartamento. Elizabeth havia adquirido aquele apartamento quando se formou na faculdade, presente dos pais. Não costumava vir tanto para a cidade onde nasceu e quando vinha ficava na antiga casa da família. Com os pais agora se mudando para Londres, resolveu que aquela seria uma ótima maneira de curtir o presente que ganhou.

   — Eu amo a Califórnia, e amo ainda mais Los Angeles, mas preferiria mil vezes está em New York ou qualquer outro lugar. Porém, é aquele ditado: O bom filho à casa sempre retorna. - Elizabeth comentou se jogando no sofá. A amiga contratou um serviço de limpeza para arrumar todo o apartamento antes de virem, assim não teriam trabalho de limpar todo aquele apartamento sozinha. O apartamento era um duplex localizado em uma área bastante movimentada da cidade, perto de um shopping center e um ponto bastante conhecido da mesma.

  — Eu tenho quase certeza que não é assim o ditado mas ok. Para mim qualquer lugar estava de bom tamanho, precisava descansar e essa viagem foi ótima para isso. Obrigada. Aliás, falando em descanso, qual o meu quarto? Quero tirar um cochilo, imagino que a senhorita já tenha uma programação mais que especial para nós essa noite, certo?! - Scarlett sabia que amiga já tinha planos em mente, principalmente quando colocou  em uma mala especial um dos vestidos que havia comprado na última temporada em que esteve em Paris. Depois de sorrir sugestivamente alegando todas suas intenções, elizabeth apontou para a escada e depois para o corredor, o quarto scarlett já sabia qual seria, só precisava saber como chegar lá.

   Pegando suas malas subiu as escadas e entrou na porta indicada antes pela amiga, o quarto era belíssimo e deveria admitir, a mãe da mais nova sabia mesmo como escolher um móvel. O quarto de visitas além de ser equipado com um mine closet ainda tinha seu banheiro próprio. Scarlett suspirou pesadamente sentindo a brisa fresca invadindo pela janela, se aproximou largando a mala no canto - depois com calma arrumaria tudo - e andou poucos passos até a janela enorme que cortava o quarto, abriu a cortina e logo em seguida a janela, se apoiou no parapeito e observou o movimento lá embaixo. Não era a fazenda antiga da família, mas pelo menos ali, naqueles poucos segundos enquanto corria sua atenção por toda aquela bagunça de carros e pessoas na rua, ela se sentiu em casa. E algo no seu íntimo tendia a dizer que muito mais estava por vir...