O Livro de Qöd

Él, o primogênito dos elfos

Él, foi o primeiro a nascer do reino de Ellendaril. Ele ajudou a cultivar e a cuidar da primeira grande árvore élfica, a Prima Natu. Conforme ela germinava no reino de Matronän, a mãe terra, ele ia moldando-a conforme mais apreciava. O grande elfo a alimentava e moldava durante o dia e a guardava e protegia durante a noite.

O céu ainda era escuro e as formas de vida ainda não eram conhecidas pela planície do planeta. Apenas Él, O Pioneiro, caminhava e conhecia a primeira das eras.

Durante quase um milênio inteiro ele cuidou de sua maior riqueza, a Prima Natu, a árvore mãe que geraria e acolheria seus descendentes.

E assim o foi.

Quando a frondosa árvore já poderia permanecer firme por si mesma, Él sabia que era o momento de seus filhos nascerem. Da casca de seu frondoso tronco, cultivado pela seiva, água e ar absorvidos pela planta, desbotaram seus primeiros filhos, foram três, de nome Ëa, a deusa da água, Aëa, a deusa do ar e Iel, o deus da terra.

À forma e semelhança de Él, os filhos nasceram prontos, maduros o suficiente para serem ensinados. Ele reverenciou a Ellendariel por permitir tamanha graça em sua vida.

No primeiro século de vida, ele permaneceu junto aos seus os alimentando e ensinando sobre os planos da criação, sobre a deusa criadora, Ellendariel, e seu irmão construtor, Ellendaril. Sobre a vida de Natu, sua função e sua importância para sua raça.

Após o primeiro século de vida ele permitiu que seus filhos andassem pelo mundo conhecendo-o e transformando-o conforme suas habilidades. Ëa e Aëa seguiram sozinhas, ambas em caminhos separados. Ëa queria conhecer e se aprofundar nas águas; Aëa queria conhecer as formas de vida que atravessam os céus, então cada uma se direcionou a um patamar do mundo.

Iel permaneceu com seu criador, junto a Prima Natu. Juntos eles catalogaram toda espécie de vida que se formava ao seu redor, observaram as estações, e as primeiras estrelas brilharem nos céus, acima da montanha rochosa que se formara.

Como missão, cada um de seus filhos carregava consigo uma semente de primanatus e precisava plantar consigo, cuidando até que ela germinasse e pudesse dar filhos a eles.

Depois que Iel plantou a sua, Él foi visitar suas filhas e se surpreendeu com a forma variada de Natus que elas haviam moldado.

Ëa, a plantou tão fundo na água que seus galhos ficaram submersos, seu tronco foi substituído por corais marítimos e suas ramas floresceram em algas, não havia beleza maior do que contemplar a criação de sua filha e Él a abençoou.

Os filhos de Ëa nasceram com habilidades subaquáticas, peles escamosas e guelras em seus corpos, alguns grossos e com cores escuras, outros transparentes e claros.

Aëa procurou encontrar a montanha mais alta onde pudesse plantar sua semente de forma segura e protegida, queria chegar até as nuvens dos céus. Quando Él a encontrou, ela ainda procurava uma forma de chegar o mais alto que pudesse, mas Él a dissimulou de tal atitude, sabia que esse reino não era para seu povo e lhe disse que mesmo as aves que sobrevoam o céu, precisam do chão para pousar e se alimentar, assim Aëa criou a árvore mais profunda e retorcida, com raízes fortes para subir até o céu.

Él a abençoou.

Iel havia criado sua árvore a imagem da Prima Natu, apenas em proporções menores. Ele acompanhou o fortalecimento das plantas até estarem prontas para brotarem seus descendentes.

A partir desse momento, Él não foi mais permitido ser visível para seus netos e se abraçou novamente a Prima Natu, sendo absorvido por ela. Apenas seus filhos ainda o ouviam.

Da natu de Iel nasceram três filhos: Argo, o senhor das árvores, Fendi, a senhora da fauna e Chist, a senhora da luz. Cada um deles criava e cuidava das espécies a que foram intitulados.

De Ëa, nasceram Tian, o senhor dos peixes, e Fëa, a senhora das águas. Tudo que havia abaixo das águas eram criados e ensinados por eles.

Aëa, também teve dois filhos: Arë, a senhora dos ventos, e Paë, o senhor das aves, navegando pelos ares, criando e cuidando da atmosfera e dos seres que nela vivem.

Assim foi a consagração do povo elfo, os primeiros a nascerem e habitarem Qöd.