Salto de Fé (CONTO)

Final

Sinto meu corpo caindo por um tempo interminável, agora não há mais volta então eu fecho meus olhos e me deixo cair.

Sinto o meu corpo pousar delicadamente em um gramado, sinto o sol batendo em meu rosto e resolvo abrir meus olhos. Eu estou em um lindo campo florido, o céu está azul e o sol brilha intensamente, um rio calmo corre a alguma distância, há montanhas no limites da visão e vejo algo estranho: posso ver três luas no céu acima das montanhas. Apesar desta estranheza, é simplesmente o lugar mais belo que eu já vi.

— Sabia que você viria — ouvi a voz às minhas costas. Era a minha amada Gabriela, ainda vestida de princesa.

Com lágrimas nos olhos eu corro em sua direção, apertando-a entre meus braços, finalmente sentindo seu toque, o seu cheiro, que tanta falta me fizeram. Ela retribui o meu aperto também com lágrimas nos olhos e aninha sua cabeça em meu peito. Uma felicidade desconsertante invade o meu corpo, o alívio é imenso.

Ambos deixamos nossas lágrimas cair e apenas ficamos assim, abraçados, por um longo período. Finalmente meu mundo está completo novamente, finalmente me sinto inteiro, finalmente estou com ela.

— Senti tanto a sua falta... — disse colocando um dedo em seu queixo, levantando sua cabeça para que eu possa olhá-la nos olhos.

— Eu também meu amor — ela responde antes de nossas bocas se encontrarem novamente depois de tanto tempo.

Eu havia esquecido como é maravilhoso o macio toque de sua boca. Aquele beijo despertou todo fogo que estava adormecido dentro de mim. Passei minhas mãos por sua cintura a apertando firmemente contra meu corpo, ela me agarra com ainda mais vontade, eu pude sentir a sua urgência em nossos beijos inflamados.

— Eu sabia que você viria. Eu tentei de todas as formas voltar para você mas não consegui, tudo o que pude fazer foi te ajudar achegar aqui e torcer para você não desistir de mim — disse ela.

— Eu jamais desistiria de você meu amor — disse enquanto ela me presenteia com seu melhor sorriso e me beija novamente. No momento em que nossas bocas se deixam eu lhe pergunto: — Aonde estamos? Como você veio parar aqui?

— Sendo sincera eu também não sei que lugar é esse. Desde que eu acordei na manhã do dia em que nos separamos eu estava me sentindo estranha, havia uma forte pulsação em minha cabeça, eu estava me sentindo enjoada, algo não estava certo. Quando estava voltando sozinha percebi que meu mal-estar diminuía a medida que eu me encaminhava para uma direção. Segui por aquele caminho até que senti meu corpo atravessando algo, eu sequer vi o portal. Quando me dei conta, estava aqui.

— Você não teve que se jogar naquele abismo para chegar aqui?

— Não. Isso foi algo que preparei para você, se o portal fosse aberto em um lugar mais comum alguém que não você poderia tê-lo atravessado e tomado o seu lugar, não podia arriscar, por isso o coloquei em um lugar tão incomum.

— Eu não entendo.

— Eu sei. Mas teremos tempo para colocar a conversa em dia. Agora, o que eu mais quero é poder matar minhas saudades de você — disse ela me dando o seu olhar mais provocante, passando a mão em meu peito.

Abracei-a com vontade e lhe roubei um beijo ardente.

— Aonde podemos ter um pouco mais de privacidade? — perguntei

 — Vem comigo.