1° Capítulo: A hora que não passa.

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Havia dias estressantes dentro daquele escritório e eu já não suportava mais tanta pressão psicológica vinda por todos os lados. A única coisa que eu conseguia pensar era: "ainda bem que é sexta-feira!" e repetia como um mantra a cada segundo. Olhei no relógio. 15h. 15h20. 15h45 e a hora parecia não passar.

- O que eu posso vestir hoje à noite? 'tô' tão nervosa, Rafa. - Olhei aflita pra Rafaela que me encarava soltando uma gargalhada abafada da mesa ao lado.

- Veste o seu melhor, Vitória. Vai dar tudo certo. Confia na tua intuição.

- Mas e se ela não gostar de mim?

- Vi, você é uma mulher incrível e caso ela não goste, tem muita gente pra gostar. Entende? É um encontro. Vá e dê o seu melhor.

Dei um sorriso sincero pra ela e tentei mentalizar coisas positivas.

A Rafa realmente sabia como me deixar mais tranquila em meio a todo caos que eu estava vivendo naquela época.

O fim de um namoro exaustivo me deixava atordoada, mas agora era um novo encontro com uma pessoa totalmente diferente e eu não estava sabendo lidar com tanta novidade vinda de uma vez.

Olhei ao relógio e finalmente 16h30, apanhei minhas coisas e verifiquei o celular. Nada de chamadas, ligações, contato alienígena. Não tinha nada dela. Entrei no carro, joguei o celular e a bolsa no banco passageiro, liguei o rádio, tocava uma de minhas músicas favoritas do Charlie Brown.

"(...) Alguém te perguntou como é que foi seu dia? Uma palavra amiga, uma notícia boa, isso faz falta no dia a dia." - Cantarolei com o rádio enquanto saía com o carro indo pra casa.

Na minha cabeça havia um misto de nervosismo, ansiedade, insegurança e toda uma parada que eu nem sabia explicar. Não conseguia entender o porquê disso acontecer, sendo que eu sempre fui tão natural em todos os meus encontros. Por que com a Ana Julia seria diferente? Será que o ar de leonina tão bem resolvida e cheia de si como o dela me causava tanta confusão? Eu ainda não entendia muito bem toda essa troca de energia, mas gostava do que sentia.

Entrei em casa, tomei um banho, hidratei os cabelos, passei um esfoliante no rosto e vesti a melhor lingerie do guarda-roupa, era bordô em renda, justamente aquela que havia comprado numa promoção e ainda não usada. Passei no corpo um hidratante, vesti uma saia jeans, uma camisa de botão listrada e calcei um tênis, abusei do brinco, das pulseiras e usei uma maquiagem leve, eu estava me sentindo ótima. Escutei o celular tocar.

- Vi, posso passar te buscar? - Era uma mensagem de Ana.

- Não precisa, Ana! Já estou quase saindo de casa, nos encontramos lá. Obrigada.

Tentei fazer com que soasse o mais natural possível. Acho que consegui.

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