OS ALEMÃES

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No início da Primeira Guerra Mundial, os soldados alemães, diferentemente dos ingleses, tinham outros itens em seus cardápios, que "consistia basicamente de fatias de bacon, feijões secos, pão, queijo, sal, açúcar e pequenas quantidades de café" (LIPTON, 2014); que eram geralmente distribuídos "(...) antes dos combates onde as cozinhas não estavam ainda disponíveis" (LIPTON, 2014) porque, durante a marcha do pelotão, alguns militares ficavam responsáveis por levar esses mantimentos, antes que pudessem se alojar em algum local para formar suas possíveis "cozinhas", que normalmente eram construídas dentro das trincheiras.

Mas ao longo do embate, o exército alemão percebeu que as rações que estavam carregando não duravam como o esperado, e então, por necessidade "(...) iniciou [-se] uma busca por rações de emergência e/ou duráveis. Durante esta busca pela "ração ideal", eles se depararam com uma patente de uma sopa desidratada de um dono de fábrica em Berlim" (LIPTON, 2014). E essa sopa, era comumente chamada na Alemanha de "(...) Erbsenwurst (23) (...), pois [tinham] o formato de uma grande salsicha, [que era] embrulhada em papel, com seis "pastilhas" de sopa desidratada de ervilha" (LIPTON, 2014). Além desse ingrediente, também eram utilizados outros, como: "(...) especiarias, bacon e sal" (LIPTON, 2014) que tinham a finalidade de dar mais sabor ao alimento, que estavam sendo ingeridos nos campos de batalha, onde normalmente, "cada tablete ou pastilha (...) [poderia render até] 400 ml de (...) sopa com sabor agradável, parecida com as caseiras (LIPTON, 2014). E isso tudo era pensado, visando à comodidade do soldado, que precisaria se nutrir bem, caso quisesse permanecer vivo e bem nutrido durante o combate.

Mas os pelotões alemães, não levava somente essas novas descobertas para as trincheiras, porque

juntamente com estes itens, as tropas recebiam também biscoitos (...). [E] estes eram conhecidos por serem muito duros e quase serem impossíveis de serem comidos sem serem mergulhados em alguma sopa [ou qualquer tipo de líquido, antes que fosse realizada a ingestão] (LIPTON, 2014).

Pela inserção da sopa no cardápio de guerra alemão,

a comissão responsável pela alimentação das tropas chegou à seguinte recomendação: [que os pelotões levassem pelo menos] "260g de Erbsenwurst (24), 250g de pão, 150g de bacon, 25g de café ou 3g de chá, 25g de açúcar e 25g de sal, (...) 125g de batatas desidratadas (...) e em regiões mais frias [era recomendado, a ingestão de] chocolates [comuns e em pó], (...) bem como o aumento da quantidade de açúcar, [que também poderiam ser ingeridas, através de] algumas balas de menta, (...) de gengibre ou de malte (LIPTON, 2014).

Por essas condições, percebe-se o grau de organização que o exército alemão tinha, tendo como objetivo, manter sempre suas tropas precavidas em relação a qualquer tipo de empecilho que poderiam vir a enfrentar no front, optando assim, pela opção de nunca cultivarem nenhum tipo de alimento nas trincheiras, como os ingleses habitualmente faziam em momentos de tréguas, colocando em risco suas próprias vidas; enquanto que eles optavam por levar seus mantimentos consigo, para os campos de batalha, evitando assim, possíveis mortes; onde eventualmente, as sopas, o bacon, o café e o chá frios, simplesmente não estavam no cardápio de guerra dos alemães, somente no menu (25) de seus adversários.


(23) Utilizando-se os métodos de tradução do alemão para o português, significa: Salsicha de Ervilha, em tradução livre.

(24) Neste caso, são sopas que vem em formatos de pastilhas, e que podem ser dissolvidas em líquidos.

(25) Em tradução do francês para o português, neste caso, tem o mesmo significado da palavra: cardápio, para a língua portuguesa.

A Primeira Guerra Mundial (1914-1918): a anatomia de um traumaOnde histórias criam vida. Descubra agora