OS FRANCESES

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Desde o início da guerra, nas províncias Francesas, o

Ministério de Guerra Francês, tomou uma decisão surpreendente: a França alimentaria suas tropas, as de seus aliados (26) e as de suas colônias dependendo unicamente de uma rede de fornecedores estrangeiros, limitando o uso de produção local e, para piorar, suas colônias estavam enviando bem menos alimentos [para as] (...) tropas famintas [que estavam no] (...) conflito (LIPTON, 2014).

Por esses abastecimentos, os franceses teriam que se organizar para que nenhum setor tivesse deficiência nutricional, porque aqueles que não estivessem no conflito, teriam que necessariamente se preocupar com os que estavam, (poupando ou guardando alimentos, caso alguém precisasse) e esses, além de terem de pensar em suas necessidades básicas, de sobrevivência, também tinham a obrigação de cuidar daqueles estrangeiros que porventura, estavam do mesmo lado de suas alianças políticas, deixando assim, uma espécie de cadeia alimentar, onde cada um pensava no que poderia deixar para o próximo, sem que ninguém tivesse perdas nutricionais significativas.

De acordo com Clifford Lipton (2014):

Inicialmente, as forças armadas francesas estavam preparadas para lutar, defender e alimentar uma companhia (...). Isto significava que os soldados que eram da infantaria, também eram cozinheiros, marceneiros, ferreiros [e de diversas outras especializações].

Em consequência dessas diversas profissões, em algum momento, as tropas poderiam precisar de serviços em específico, e era o que ocorria, quando os soldados necessitassem repor seus desgastes físicos "após um dia de "trabalho", [onde] o cozinheiro iria montar a cozinha de campanha, preparar uma decente refeição e todos estariam felizes" (LIPTON, 2014). Por esses critérios utilizados pelos franceses, todos tinham por missão, tentar aprender a fazer de tudo no front, buscando a especialização em uma determinada área, para que pudessem assim, ajudar cada vez mais seus companheiros, com as eventuais adversidades que pudessem ocorrer, enquanto estavam no front.

Mas uma dessas especializações, as cozinhas de campanha, acabaram não resistindo ao crescente número de integrantes das Forças Armadas Francesas, que tinham no início de suas listas, aproximadamente: "823.000 soldados [que venho a se prolongar para] (...) 3.720.000 no início da guerra" (LIPTON, 2014), o que eventualmente, veio a dificultar a criação desses locais, porque

enquanto as linhas de frente ainda eram, de alguma forma: flexíveis; as cozinhas de campanha estavam se tornando uma possibilidade cada vez menos prática naqueles lugares. [Até que chegou um momento em que] (...) as cozinhas, se tornaram impossíveis de serem utilizadas, [devido ao crescente número de soldados que estavam sendo entulhados nas trincheiras] (LIPTON, 2014).

No início do embate, as trincheiras que eram construídas, acabavam recebendo muitas rações frescas para serem preparadas por cozinheiros, onde normalmente, se reservava um espaço, para que eles pudessem preparar os devidos alimentos para serem servidos; porém, conforme esses locais de proteção, "[começaram a ficar] abarrotados de combatentes (...) os alimentos começaram a se tornar [cada vez mais] escassos (LIPTON, 2014); Mas toda essa escassez "para a França, ainda significava [ter a disposição] pães frescos, vinhos e embutidos como: salsichas" (LIPTON, 2014), o que ainda poderia nutrir as necessidades físicas dos soldados, sem que eles tivessem graves problemas nutricionais.

Mas por outro lado, devido ao baixo fornecimento dos franceses, em tentar suprir tanto as necessidades de seus pelotões, como as de seus aliados,

as rações em lata [começaram] a ficar limitadas, [enquanto que a] comida quente, era um luxo que só existia caso algum pelotão conseguisse montar uma cozinha antes que os seus suprimentos estragassem. [Mas] ainda assim, o melhor que as tropas conseguiam nesta situação era qualquer tipo de ensopado ou cozido (LIPTON, 2014).

A Primeira Guerra Mundial (1914-1918): a anatomia de um traumaOnde histórias criam vida. Descubra agora