O ano passa, a vida passa, eu tô aqui
Essa face é faca e rasga
Faces memórias nessa parede
Mesmo lembrando tanto ainda sinto que não sei de nada
Os passos se derretendo no chão da sala
Ela diz que me ama, suplica
Ela diz que não tava, rubrica
Meu sangue rubro
Meus cigarros cinzentos
Meio quebrados, eu meio nojento
Minas, amigos, família
Aqui parecem tão distantes
Minhas mãos tocando a pele
Eu não to zen
Andando na rua de roupa, sentindo pelado
Sentindo largado
Eu vim de lá, cê sabe
Eu morri por lá, mato aquelas pessoas e elas renascem
Mesmo não egoísta ainda to só
Mesmo leal ainda to só
Mesmo sóbrio
Me fez pó, me deu nó
E aqui, ó
Cê não vem me dizer que sabe de mim
Não me dá a mão, tu não sabe o que toca
Não me olha não, tu não sabe a rota
Não me beija não, senão eu te noto
Não me exala não, eu já sou veneno
Antes pequeno
Antes vazio
Me enchi dessas palavras que eu sei, ouvia
Sempre quis ser algoz, não vítima
Não sabia o peso, não sabia a vida
Segurar-te na mão e me perder
Pra não te quebrar
E sair quebrado
Manter a sanidade é um ato de coragem, ficar é o ato do otário
Contrato, contato
Contrato, contato
Ego, vaidade, ladro
Ego, vaidade, eu ladro
Eu roubei sua vibe por um instante
Cê me roubou o costume
Ego, vaidade, eu ladro
Ego, vaidade, de lado
Ego, vaidade
Tu sabes
Que eu sou música trincada
Disco meio arranhado
Sabe o esperado
Insiste, me toca
Insiste, me rouba
Me insiste, me logra,
Me grita
Me urge
acabados
No bom e no mau
sentido