Accidentally

Parte Três

O clima muda entre eles depois que entram na loja. Harry volta a sua positividade usual, como se quisesse que Louis ficasse animado também.

Louis anda ao redor da loja enquanto Harry conversa com uma funcionária, dizendo o que estão procurando.

E Louis não pensa sobre as palavras de Harry e arrependimento, porque tudo aquilo foi discutido antes. Se ele tivesse alguma dúvida, não teria marcado uma data para o casamento e organizado uma festa.

— Louis, as roupas já estão no provador — informa Harry se aproximando de onde Louis olha algumas gravatas —, escolhi o clássico preto, acho que vai ficar excelente.

Sorrindo em agradecimento Louis se afasta e entra no provador. Há três conjuntos de smokings ali, todos pretos e com poucos detalhes de diferença.

O primeiro fica largo na cintura e sobrando nos ombros, de modo que Louis o tira antes mesmo de mostrar a Harry. O segundo entala em suas coxas.

O último fica perfeito, justo na medida certa e perfeito nos ombros, Louis arrisca dizer que ficou ainda melhor que o terno que usaria em seu (quase) casamento.

Harry está sentando em frente ao provador, mexendo no celular totalmente distraído.

— Os dois primeiros ficaram péssimos — começa Louis chamando sua atenção —, mas acho que esse dá para o gasto. O que achou? Qual nota você daria em uma escala que vai dê apenas um drink como nota um e sexo, beijos e casamento como nota dez?

— Nota dez — responde Harry sem ao menos piscar.

Louis dá uma volta e se olha no espelho, avaliando a si mesmo.

Ele gosta da reação que provocou em Harry, a maneira como seu lábios ficaram abertos e como seus olhos escurecem, sem piscar.

— Acho que vou ficar com esse — diz olhando por cima do ombro (Harry ainda olha para ele totalmente estático).

Harry não responde, mas Louis considera isso um bom sinal.

•

— Sabe, de todas as pessoas que imaginei um dia me atrair até um galpão abandonado, você não estava nem nos dez primeiros — diz Louis parando ao seu lado, com as mãos na cintura. — Total experiência cinematográfica.

— Você nem ao menos viu como é lá dentro e...

— Nem quero ver.

Harry segura a risada, porque se não o fizer, todos os seus argumentos irão cair por terra.

— Como eu estava dizendo, você não viu como é lá dentro e a vizinhança é ótima — diz Harry virando-se para ficar de frente a Louis, de costas ao galpão. — Tem um ar de mistério, da possibilidade de ser qualquer coisa ao passo que pode ser nada.

Louis tira seus óculos de sol e olha fixamente para Harry.

— Você está bem poético hoje, todo romântico — provoca dando um empurrãozinho no ombro de Harry. — Se eu soubesse que bastava eu usar um smoking para causar esse efeito nas pessoas, jamais sairia de calça jeans de casa.

Harry bufa e se afasta, como se o flerte de Louis fosse apenas um atraso em seu dia perfeitamente planejado, tudo para mascarar sua falta de fôlego. Nenhum outro homem flertou por tanto tempo com ele assim antes, geralmente eles desistem depois de perceber que Harry não está totalmente envolvido na onda de amor deles.

O problema neste caso é que Louis não para. Porque é tudo uma brincadeira. Porque ele quer o noivo de volta. Porque ele e Harry são amigos. E só.