five

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O problema das coisas invisíveis é que não podemos vê-las. Isso pode parecer óbvio para você nesse minuto, mas para Harry, ao acordar com uma poderosa ressaca, com seu pai falando, sua mãe rindo e Hope latindo, pareceu uma grande descoberta filosófica. Deveria estar dormindo até mais tarde naquele sábado, mas não teve nem tempo de colocar as informações da noite anterior em ordem.

— Bom dia, alegria! Hoje é o dia!

Piscou várias vezes enquanto olhava para seu pai sentado na beirada de sua cama. Já ouvira isso antes... Mas porque seu pai estava ali, afinal?

— O quê? — foi só o que conseguiu formular às sete horas da manhã.

— Vamos, maluquinho, é hora de se divertir um pouco!

Ele jogou uma roupa em cima dele e sua mãe andava pelo quarto de short e camiseta. Ninguém respondeu suas perguntas, embora não tivesse certeza se tinha conseguido realmente formulá-las. Colocou a roupa, fresca e confortálvel, lavou o rosto e escovou os dentes. Foi apressado para o carro, onde Hope também entrou. Hope entrava em qualquer carro que abrisse a porta perto dela. Muitas vezes, foram chamados pelo vizinho para retirar uma vira-lata de dentro do carro dele.

— Para onde estamos indo?— perguntou novamente.

— Sua mãe e eu achamos que há muito tempo não saímos juntos, nós três.

Hope deu seu latido estridente de indignação.

— Nós quatro...— ratificou seu pai— Então, tivemos a idéia de passar um dia juntos.

— Ah...— Harry não parecia muito animado. Tinha feito planos para aquele dia. Precisava descobrir o lugar certo, o dia certo e o momento certo...

— Não precisa disfarçar sua empolgação!— disse sua mãe, notando que o garoto não parecia muito feliz.

— Não é isso!— explicou.— É que eu tinha planejado ler hoje.

— Você lê todo dia!— continuou seu pai, ao volante.

— Pra onde nós vamos?— pergunta, percebendo que estava cedo demais para irem ao shopping.

Viu os olhos claros de seu pai pelo espelho retrovisor, enquanto ele respondia:

— Para o lugar certo.



Havia verde. Muito verde. Harry morava perto, mas nunca tinha ido até a Floresta da Tijuca. Em dado momento, deixaram o carro e seguiram a pé, com suas cestas de piquenique e bolsas térmicas. Hope ia na coleira, porque era muito burra e, sem coleira, saía correndo ensandecida para qualquer direção. Claro que Harry não conseguia parar de pensar no que seu pai dissera no carro. "Para o lugar certo". O que ele quis dizer com aquilo? Será que ele sabia das mensagens que estava recebendo? Ou faria ele parte das mensagens? E se Zayn simplesmente o tivesse inspirado a dizer aquilo para dar uma dica para ele? E como diabos ele conseguiria fazer isso? Harry estava muito confuso. Ao chegar num restaurante que fica no caminho da subida, alguém gritou seu nome. Virou-se e viu aquela mulher magra e de cabelo colorido acenando escandalosamente para ele.

— Tia Nia?!! — Harry não esperava encontrá-la ali. Na verdade, não esperava encontrar ninguém ali.

— Achei que não viesse! — disse seu pai com um largo sorriso, lhe dando um abraço animado.

— O que? E eu ia lá perder a oportunidade de achar mais um portal?

Sua mãe lhe deu um cutucão. Harry percebeu, claro.

— Um portal?— perguntou o garoto.

— É o nome de um livro que ela gosta e vive procurando...

moon of fairies | larryOnde histórias criam vida. Descubra agora