Exibicionista

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Jaqueline se considerava uma mulher empoderada e seu último amo e dono a tinha feito ainda mais dona de si mesma. Era uma pet, mas era autossuficiente, era sua escolha querer ter outro dono, porque era da sua natureza ser assim.

Contudo teve receio de acabar nas mãos de um dono que não a completasse, que não a deixasse ser livre para fazer o que desejava. Seus temores foram infundados e ela não precisava de mais de um dia com aquele homem para ter certeza disso.

Primeiro, Kim Minseok era permissivo. Algo raro em um dono, mas que assim como Tao, a encantava. Aliás foi aquele jeito dele que a fez amá-lo com tudo de si. Um dono permissivo era mais divertido, era mais desafiante, o limite do que era próprio e impróprio seria uma mínima camada quase invisível e aquilo revolvia seu corpo, ela sabia que sexo com ele seria completamente estonteante.

E ele as olhava não com um desejo vulgar, mas um desejo latente, algo entre a possessividade indulgente e um carinho amável. Ele queria pets, ele precisava de pets, estava escrito em toda a sua linguagem corporal e por ele saber a diferença de ter e não ter, seria seu dono ideal, pois ele as cuidaria de verdade, independentemente de como fosse.

E ela o analisou por mais de vinte e quatro horas com afinco, mesmo que ele não percebesse. Ele lidava com Tuany com cuidado, mas intensidade, porque ela necessitava daquilo e na noite anterior, o banho de abacate foi a prova definitiva. Ele tinha o sentimento, o instinto, ele respondia a elas como se fosse natural e de um encaixe perfeito.

Outra coisa que a encantou foi a forma que ele entendia e lidava com a Mari.

Jaq sabia do seu segredo, do que ela passou, do que ela sofreu até chegar nas mãos de sua antiga sogra. Mari precisaria de confiança total antes de ser o que nasceu para ser, antes de dar tudo o que podia dar, e ele estava no caminho perfeito disso. Jaq podia ver em seus olhos, em suas expressões, ele adorava a mais nova exatamente do jeitinho que ela era... E Roane, sua amiga Roane que estava a caça de um dono com uma veemência ainda maior que a sua. Roane estava ensandecida por ele e Jaq entendia completamente o sentimento.

Elas tiraram a sorte grande com aquele amo, não só por ele dar conta à olhos largos das quatro que eram bem diferentes uma das outras, mas pela sensação de paz e lar que ele passava a elas, coisa que suas naturezas necessitavam mais do que ar para respirar.

Jaq saiu nas pontas dos pés do quarto para não acordar o amo e as meninas e foi para a sala e sua imensa janela olhar o nascer do sol daquela cobertura luxuosa e agradável. Estavam no coração de Xangai e ela gostava da vista e do ar mega metropolitano.

Arrumou uma xícara de café para si mesma e ficou pensando em como foi bonitinho ver Tuany e Roane dormindo enroladas nele, na cama, como duas gatas preguiçosas, o que de certo modo eram mesmo. Tinha quase certeza que logo Mari subiria na cama também.

Seria um processo natural. Minseok a tiraria da bolha, Jaq já antecipava aquilo com o coração quentinho. Aquelas garotas eram mais do que irmãs para ela.

Eram sua família.

E agora seu amo era também, sua família, seu homem, e ela ia lutar com garras e dentes para manter o seu novo lar seguro e sadio para todos os cinco.

— Um dia dorme até meio dia, no outro madruga, minha gata de unhas afiadas tem um descontrole de horário ou é só adaptação?

Ela sorriu de canto enquanto sentiu a mão dele tirar a xícara da sua com cuidado e se colocar ao seu lado diante da janela para beber o seu café. Ela riu baixo:

— Roubando um café de uma dama, meu amo? Que comportamento reprovável!

— Café e beijos não se nega a ninguém meu bem, nunca te disseram? – Ele sorriu de canto e se virou para ela – E eu gosto sem açúcar, exatamente assim!

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